POSSE DE LULA SERÁ A REAFIRMAÇÃO DA AMÉRICA LATINA CONTRA A DOUTRINA MONROE

APOIAR O GOVERNO DE LULA NO BRASIL,
LANÇANDO A CAMPANHA CONTRA A IMORAL DOUTRINA MONROE

No dia 1º de janeiro de 2023, com a posse de Lula, continuamos caminhando e festejando, separando o joio do trigo. É preciso tomar iniciativa para uma campanha internacional em defesa da democracia que o povo do Brasil conquistou, e que vai defender junto à classe trabalhadora de toda a grande nação latino americana.

Propomos aos companheiros do Partido do Trabalho do México, da Frente de Todos, na Argentina, à Frente Ampla do Uruguai, que devem se pronunciar, assim como todos os partidos de massas, o Partido Comunista de Cuba, os partidos de esquerda e democráticos da Venezuela, Chile, Bolívia, Colômbia, de toda América Latina. No mundo, os países que integram os BRICS.

Nós defendemos que é preciso responder às ameaças contra a posse de Lula de forma orgânica e organizada em todo continente, com a UNIDADE DA CLASSE TRABALHADORA, que é a que garantiu a vitória eleitoral do companheiro Luiz Inácio Lula da Silva no Brasil, cuja posse, agora, querem impedir ou atrapalhar. Nesta condição, não há fronteiras, mas apenas uma grande Nação Latino Americana a ser defendida pelos sindicatos, partidos de trabalhadores, as correntes progressistas, revolucionárias, as correntes nacionalistas antimperialistas das Forças Armadas etc…

O sistema imperialista de dominação vem projetado desde a criminosa “Doutrina Monroe”, que utiliza ferramentas como o FMI, a OEA e o Banco Mundial para golpear o processo libertário que começou com a libertação do império colonial há mais de 200 anos. Agora o imperialismo tem como cabeça transnacional os EUA, em Wall Street, mas também na Inglaterra, França, Alemanha, Bélgica etc… na Europa, que tanto brigam quanto se juntam em seu sentido de classe exploradora, e exercem o papel de transnacionais financeiras concentradoras de uma economia mundial e militar. Um sistema que conta com a OTAN como órgão unipolar de invasão transnacional que organiza guerras e destrói povos, como a que preparou desde 2014 na Ucrânia, antes, no Oriente Médio, em Kosovo e outros, que destruiu nações como Iugoslávia, Iraque, Afeganistão etc… ou sustentam governos opressores de seus povos.

Nós achamos que é preciso dar resposta não só aos terroristas de Bolsonaro no Brasil, mas também ao que representa o papel central de todos estes permanentes golpes triunfantes ou tentativas golpistas fracassadas em toda região, e que é a mesma política da “Doutrina Monroe/John Q. Adams” (1823), da “América para os americanos” (para os EUA, entenda-se), que nunca foi abandonada pela política imperialista dos EUA, sempre considerando América Latina como seu quintal. Mas do MÉXICO À PATAGÔNIA OS POVOS SE LEVANTAM PELA SUA SEGUNDA INDEPENDÊNCIA!

Por isso aderimos à “Campanha Contra a Doutrina Imoral Monroe”, proposta por companheiros, dentre outros, como Evo Morales Aymará.

León Cristalli (26/12/22) – pelo Burô Latinoamericano (B.L.A.) da IV Internacional (Leninista-Trotskista-Posadista)

www.4tainternacionalposadista.org

COMBATER A VIOLÊNCIA NEOFASCISTA FORTALECENDO A FRENTE SOCIAL E POLÍTICA EM TORNO DE LULA, GARANTINDO A VITÓRIA DO POVO DIA 2 DE OUTUBRO

O desespero neofascista é proporcional à sua percepção de que está em franca minoria no país. Estimulados por um desqualificado que ainda ostenta a faixa presidencial, tentam intimidar a população na certeza de que já estão derrotados e que essa derrota social, moral e política será reafirmada em números, nas urnas, dia 2 de outubro.

A resposta que o Partido dos Trabalhadores, a Frente Brasil Esperança, a Coligação Vamos Juntos pelo Brasil, o movimento sindical e os movimentos populares deve ser clara: fortalecer a unidade em torno de um programa transformador do Estado brasileiro, em uma transição para um Estado da justiça social, do emprego, salario, reindustralização, reforma agrária, distribuição de renda e de políticas públicas que garantam vida digna para o povo brasileiro, na contramão de tudo que foi feito nos últimos três/quatro anos no país, quando predominou a política de desmonte do Estado brasileiro e das políticas de proteção social (ver análise sobre o tema após o texto a seguir), de inclusão e valorização do salário e do emprego, enfim a tentativa, já moribunda, de implantar o neoliberalismo totalitário (sinônimo de neofascismo) no país.

O isolamento político e social do neofascismo é uma realidade mundial – vide os acontecimentos na Ucrânia, laboratório do terror neo-fascista, desbaratado agora pela intervenção do Exército Vermelho da Federação Russa. E aqui no Brasil sua derrocada também é iminente!! Para tanto, é necessário alinhar e aprofundar o escopo programático nos três documentos-base que foram construídos pelas forças populares este ano: o “Diretrizes para o Programa de Reconstrução e Transformação do Brasil” (do PT e da Coligação Vamos Juntos pelo Brasil), o “Superar a Crise e Reconstruir o Brasil” (da CMP e dos Movimentos Populares) e a Pauta da Classe Trabalhadora – CONCLAT2022 (CUT e demais centrais sindicais), apontando para o fortalecimento do Estado nacional, não como ferramenta auxiliar de exploração do povo, mas como um instrumento de transição, transformador e revolucionário, que é o papel do Estado Nacional na visão da classe trabalhadora, mais ainda nesta etapa de mudanças profundas na arquitetura política e socioeconômica mundial.

Estamos em apoio ao ColetivAÇÃO-Mandato Coletivo, pré-candidatura coletiva a deputad@ distrital

O texto sobre a Argentina, do POR-Posadista, que aqui publicamos, é um guia para interpretar e enfrentar os problemas da transição na América Latina, tendo como referência a situação da Argentina e o peronismo, movimento de base popular e operária que cobriu toda uma necessidade histórica do processo de luta de classes no país, independentemente das direções que estavam a sua frente.

É preciso ressaltar, por último, a dimensão da unidade Brasil e Argentina, com a ampliação dos BRICS, bloco mundial de contra-hegemonia ao imperialismo estadunidense e europeu, que breve aprovará o ingresso, não só da própria Argentina, mas também de uma outra potência regional (asiática): o Irã.

Os BRICS, pólo contra hegemônico mundial, logo terá incorporado Argentina e Irã. E a partir do ano que vem, o Brasil voltará a ter participação ativa no bloco.


POR UM NOVO ESTADO NACIONAL, POPULAR E REVOLUCIONÁRIO, UM REFERENDO DE REFUNDAÇÃO COM UMA NOVA CONSTITUIÇÃO E UM PLANO QUINQUENAL PARA DESENVOLVER A ECONOMIA
Derrotar o golpe financeiro com organização e mobilização popular

O que está se definindo é o que a maioria do povo argentino decidiu nas eleições de 27 de outubro de 2019: uma mudança revolucionária na construção e nas relações econômicas e sociais internas, avançando com a criação de um Estado que supere o caráter “estúpido e complacente” do estado atual e avance com o povo organizado aplicando a partir do governo uma política em que a classe trabalhadora seja o eixo do progresso. Estão dadas todas as condições, como nos mostram os triunfos eleitorais na Bolívia, Peru, Chile, Colômbia. São expressões de um processo revolucionário da América Latina, de cada país e do mundo, que rompem um estado “bobo” e desenvolve um novo papel, revolucionando as coordenadas da economia e o interesse social da população trabalhadora. Uma tarefa que tem que acontecer a partir do Estado Nacional nesta etapa da história.

Esse estado não pode ser travado, nem mantido ou compenetrado pelo velho Estado neoliberal, macrista (Maurício Macri, ex-presidente da Argentina, que desenvolveu programa neoliberal e entreguista). Estado este que segue ativo e vigente, como corretamente denunciou a vicepresidenta Cristina Fernandez de Kirchner. Neste sentido, é preciso realizar uma CONSULTA ELEITORAL DE REFUNDAÇÃO DA NAÇÃO, QUE TRATE DE UMA NOVA CONSTITUIÇÃO NACIONAL, POPULAR E REVOLUCIONÁRIA, partindo da Constituição de 1949, que teve um caráter nacional e popular na perspectiva da “revolução permanente” (J.Posadas 1947), e que, em 1955, foi eliminada, e não por acaso, pela ditadura “fuziladora” (resposta crítica termo “libertadora”, nome “oficial” que os golpistas davam à ditadura argentina).

Isso destapa a panela de pressão da larvada e como oculta crise das direções sindicais e da CGT, que esquece de sua função de defensora dos trabalhadores em sua integridade social e também como sujeitos históricos da produção e da produtividade, da qual se nutre o sistema capitalista, como fica claro com a inflação, que dá uma margem de lucro financeiro imenso aos patrões enquanto a classe trabalhadora retrocede em seu nível de vida. Direções, ainda que nem todas, que adotam a conhecida política do fordismo produtivista com o conservadorismo da “concertação trabalhador-patrão”, como se ambos tivessem o mesmo interesse a partir do qual se pudesse disfrutar combinadamente do que é produzido, relevando que os patrões tem seu próprio interesse de classe capitalista.

Defendemos a elaboração de um PLANO QUINQUENAL para esta época, que, como o Plano Quinquenal de 1946, tenha como foco a reativação da economia em base ao trabalho e o capital, por meio de um ESTADO FUNCIONAL, sirva ao desenvolvimento industrial do país, em harmonia com o setor agrícola, de mineração, de serviços etc… Este Plano deve se apoiar nos Programas da CGT de La Falda (1957) e Huerta Grande (1962), que apontam o caminho para sair da crise do capitalismo. E deve ser discutido por todas as organizações sindicais, políticas, profissionais, culturais, com o protagonismo dos trabalhadores.

ROMPER A BUROCRACIA DE UM ESTADO ESTÚPIDO E AVANÇAR NO RUMO DE UM ESTADO NACIONAL E POPULAR

O estado estúpido não dá mais conta! Porque este estado estúpido significa que Macri ou qualquer outro de sua laia podem voltar nas próximas eleições. Mas não porque tenha força social para isso, e sim porque, se as coisas seguirem como estão, pode haver uma grande abstenção social, como aconteceu nas últimas eleições PASO (prévias partidárias abertas, quando foi grande a abstenção do eleitoral progressista), e que ninguém entendeu, além de nós, que aquilo não era um “giro à Direita” do povo, e sim que as pessoas iriam, sim, refletir e participar nas eleições propriamente ditas. Mas se não há uma direção política que assuma essa responsabilidade, as pessoas irão se abster de votar, como vinham fazendo na Colômbia, no Chile e, em etapa anterior, na Venezuela.

Os movimentos sociais não são o problema da sociedade em geral, e sim o DESEMPREGO REAL de milhões de trabalhadores de todos ramos produtivos. Mas são, sim, uma consequência da crise do capitalismo. Porque se os sindicatos – como J.Posadas, em outra etapa, propôs a necessidade de um Partido Operário Baseado nos Sindicatos (1) – nesta etapa tivessem desempenhado a função que deveriam ter cumprido, teriam defendido os programas de Huerta Grande e La Falda, que têm as respostas e soluções ao que a vicepresidenta Cristina alertou, mesmo que sob outra forma. E o papel da classe trabalhadora estaria reafirmado em tudo que diz respeito à produção e produtividade, porque, como está nestes programas citados, é preciso tomar medidas partindo do controle do Comércio Exterior, dos Bacos e do Estado, como, por exemplo, a DISTRIBUIÇÃO DAS HORAS DE TRABALHO COM IGUAL SALÁRIO. Uma medida que já está sendo tomada inclusive em países capitalistas desenvolvidos –, em que o sistema se vê obrigado a dividir os super lucros, ou a “Mais Valia Concentrada” (como denominamos há 35 anos), que possibilita às empresas funcionar com lucros e perspectiva de mercado consumidor ativo, porque essa medida reduz o desemprego. Sem perder de vista que, enquanto existir o sistema capitalista, “desemprego” seguirá sendo uma ferramenta do capital contra os assalariados.

A classe operária, a classe trabalhadora em geral, é o que nutre e dá musculatura ao peronismo nestes 75 anos de existência. O peronismo se sustenta porque atendeu uma necessidade histórica do processo da luta de classes na Argentina, independentemente das direções que estavam à frente.

O mundo entrou em uma fase de definições, sem tempo marcado, mas com espaço abertos. A intervenção do Exército Vermelho na Ucrânia está dando vazão a milhares de forças em todo mundo. Aqui também, sob outras formas. E também está expondo os oportunistas. Seja nos movimentos sociais, seja nos sindicatos, qualquer que seja o nome que se dê a eles. Trump denunciou que Biden é quem está levando o mundo a uma guerra atômica. Nós analisamos(2) em seu momento o surgimento de Trump como figura consciente da crise do sistema, e que, então, tentava levar os EUA de volta às suas origens produtivas, e fazer a “América grande de novo” e reavivar o “sonho americano”. Mas, claro, mantendo a exploração e o sistema capitalista. Só que se choca com a estratégia geopolítica e militar que a Rússia desenvolve na Ucrânia, mas principalmente com a política exterior do próprio EUA. Ainda que alguns definam a partir de uma perspectiva limitada que a Rússia é um país capitalista, assim como a China Popular também seria capitalista, o fato é que, como Estado Nacional na Rússia, de base social soviética e seu Exército Vermelho, agem como um processo de transição e objetivamente regenerativo no tempo do estado Operário Soviético degenerado pelo stalinismo.

A INFLAÇÃO, O DESEMPREGO E O TRABALHO EM UM MUNDO EM TRANSIÇÃO, E A III GUERRA

A benemérita “inflação” para o sistema capitalista é uma norma de seu crescimento para ter mais lucro e concentrar o capital. A grande burguesia nunca perde com a “inflação” porque, como analisou J.Posadas, é uma norma do funcionamento do capital quando precisa ganhar tempo em sua concentração e na eliminação de concorrentes internos. A classe trabalhadora tem que discutir essa e outras questões não na perspectiva do assistencialismo, mas como classe trabalhadora e produtora, e assim se verá que o problema do desemprego, como Trotsky propôs em 1938 no “Programa de Transição” da IV Internacional, tem uma solução fácil: distribuição das horas de trabalho com igual salário. E que o capital se encarregue de pagar, sim, porque está se beneficiando com uma “Mais Valia Concentrada”, como temos dito desde os anos 80. Mesmo sem mudar o sistema capitalista, é possível repartir as horas de trabalho com um Estado Revolucionário de Transição em um Governo Nacional e Popular que use “a caneta”, como agora com a empresa Vicentin, expropriando-a com todo direito de fazê-lo por ser uma empresa devedora do Estado.

Organizar e realizar uma GREVE GERAL COM MOBILIZAÇÃO desarma a máfia empresarial, os agiotas de sempre, a inflação e suas consequências. E, ao mesmo tempo, a Greve Geral é o respaldo maior que o presidente Alberto Fernandez pode ter. Porque vai lhe dar uma ferramenta – se ele vai querer usá-la é outra coisa – para enfrentar as forças do poder que estão lhe impondo um programa desde dentro, não só com ministros, como o da Economia que foi demitido, e outros que deveriam ser demitidos também, mas também por meio dos mecanismos que comandam a economia, quando diariamente mudam o valor do dólar, o tal “risco país” etc… ou seja, pressionam na economia para comandar a política.

PROGRAMAS HISTÓRICOS DO MOVIMENTO OPERÁRIO DE LA FALDA E HUERTA GRANDE

É preciso ter segurança política de que se poderá contar com o apoio social de massas quando se adotar medidas, como por exemplo recuperar e integrar a empresa Vicentin ao Estado, e que abrirá um amplo espectro para medir, de fato, não por meio das máfias e castas alojadas há décadas no Estado, O QUE, QUANTO E COMO SE PRODUZ E EXPORTA. E isso será um ponto de inflexão por promover uma empresa estatal produtora de alimentos, e também para recolocar na agenda a criação de trabalho genuíno, de qualidade.

A chamada “economia popular” é como se chama por enquanto a condenação aos desempregados seguirem se virando como podem, quando o Estado pode intervir nas grandes e médias empresas para fazer a redistribuição do trabalho sem diminuição de salários. Fazer convênios com as pequenas e médias empresas, para que possam cobrir as necessidades básicas do mercado, substituindo as importações. Mas todas essas empresas funcionando sob CONTROLE DOS TRABALHADORES. É preciso avançar do “fifty-fifty” (50% – 50% entre patrões e empregados) pela racionalidade entre investimento de capital e da força de trabalho, eliminando a intermediação financeira privada, por meio de um Estado que organize o desenvolvimento da Economia Social.

Achar que a solução para o desemprego é criar milhões de pequenos proprietários, micro empreendedores super explorados, é um erro. Foi o desejo do fracassado “capitalismo da democracia cristã”, que sonhava com um mundo de proprietários e sem proletários, esquecendo a realidade da luta de classes. As condições em que se produz a vida diária não dão as bases para superar a crise, porque o sistema capitalismo empresarial-financeiro tem todas as armas para se impor, porque pode produzir mais, melhor e mais barato que pequenos empreendimentos, por conta da centralização produtiva, no campo e nas cidades. Não se trata de distribuição para apenas “reduzir a pobreza”, mas de concentrar a capacidade criadora da classe trabalhadora, e para isso é preciso construir uma direção de classe e um Estado Revolucionário de Transição.

Nós, por essas razões, defendemos, mais uma vez, O ESTUDO, DISCUSSÃO E APLICAÇÃO, POR PARTE DO ESTADO, DOS SINDICATOS E PARTIDOS DA CLASSE TRABALHADORA dos históricos programas de LA FALDA (1957) e HUERTA GRANDE (1962), em que a classe trabalhadora apresentou à sociedade um PROGRAMA DE TRANSIÇÃO baseado e apoiado na base social peronista, e que dava uma saída às condições peculiares do país à época, muito similares às de hoje em dia, só que com o desenvolvimento da luta de classes no mundo, a intervenção do Exército Vermelho na Ucrânia e as vitórias eleitorais na América Latina, estão dadas todas as condições para avançar. O FMI, assim como a OTAN etc… são organismos em crise, por conta da crise do sistema, e que levam à morte e existem apenas pela debilidade das direções que lhes dão vida, mas não deixam de ser retrogradamente cadáveres em decomposição. A humanidade saberá como colocar cada coisa em seu devido lugar e construir um ESTADO NACIONAL E REVOLUCIONÁRIO DE TRANSIÇÃO no país.

Direção do POR (Leninista-Trotskista-Posadista)
21/6/22
Contato: Fundação.J.Posadas@gmail.com
http://www.4internacionalposadista.org

1) Programas de La Falda e Huerta Grande: Propostas de medidas aprovadas em congressos da CGT, que iam além das reivindicações sindicais e apresentavam um programa de transformação da nação.
2) “Vigência e Necessidade do Partido Operário Baseado nos Sindicatos na etapa atual da Argentina” – J.Posadas e Eliseo Ramirez, edições Voz Proletária (Agosto, 1991).
3) “Trump é a Crise dos EUA em um Mundo em Revolução” – León Cristalli. Edições Fundação J.Posadas Internacional. Tomos I e II (Novembro, 2017; Março, 2017)


Fome e Exclusão:
AS MARCAS DA DESIGUALDADE SOCIAL DA CAPITAL DA REPÚBLICA

É tarefa urgente urgentíssima acabar com o sofrimento do povo nas filas do CRAS !!

As intermináveis filas nos CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) em todo país são o espelho da crise econômica, social e política que engolfa um governo federal em franca decomposição moral e política.

No Distrito Federal, mais de 200 mil pessoas estão passando fome, maior parte do contingente de 300 mil desempregados na Capital do pais, milhares desses tentando atualizar os dados do Cadastro Único do SUAS (Sistema Único de Assistência Social) ou mesmo tentando ingressar no CAD-Único, na medida em que sua “condição socioeconômica” migra para o segmento considerado de “pobreza” ou de “extrema pobreza” (respectivamente, renda per-capita inferior a 28,76 reais por dia e inferior a 9,94 reais/dia).

Daí as filas nos CRAS já fazem parte da “paisagem urbana” das cidades do DF, junto com o visível crescimento da população em situação de rua.

Durante a pandemia, o governo federal atropelou o SUAS, credenciando os beneficiários por aplicativo de celular para o recebimento do auxílio emergencial de 600 reais. Depois, reduziu o auxílio para 250 reais e, posteriormente, submeteu-se às regras do SUAS, mas mudando o nome do Bolsa Família para Auxílio Brasil, no valor de 400 reais e desfigurando o benefício com o fim das exigências constantes do programa, como a apresentação do atestado de vacina e frequência escolar das crianças beneficiárias.

Assim as filas nos CRAS aumentam a cada dia… E o índice de inflação aumenta também, corroendo o valor do auxilio-Brasil, agora prestes a ser reajustado para 600 reais, como uma das medidas da “PEC do desespero” do Governo Federal, de maneira a transforma-la em boia de salvação de um governo que afunda e puxa para o fundo do poço governantes locais aliados, como o atual governador do DF, que é conhecido como “tocador de obras”, ou melhor, “construtor de viadutos” e pouca ou nenhuma sensibilidade com a população excluída, oprimida e vulnerável, haja vista a conduta da “primeira dama”, titular da Secretaria de Desenvolvimento Social (SEDES), que se comporta como uma “maria antonieta” (rainha deposta pela Revolução Francesa), tal o grau de alienação com que encara o sofrimento da população nas filas dos CRAS.

A população não pode ficar entre uma “opção ruim” e outra “pior ainda”

No primeiro ano da pandemia, o Inominável e seu ministério corrupto e neoliberal foi obrigado a atropelar o sacrossanto princípio do “equilíbrio fiscal” e liberar recursos do Tesouro para combater a pandemia e os efeitos da pandemia. Espertamente, liberou diretamente o auxílio emergencial, via aplicativo de celular, em processo desburocratizado e evidentemente repleto de esculhambação… (vide o famoso caso de militares que receberam o auxílio, apesar de receberem soldo mensal como servidores militares).

Com a instituição do Auxílio Brasil, o processo de concessão do Auxílio acaba retornando ao leito burocrático. Ou seja, a população em vulnerabilidade social não pode ficar aprisionada entre essas duas opções: recebimento do auxílio diretamente, via aplicativo de celular, ou esperar dias, meses, para ingresso no Cadastro Único, num contexto de aprofundamento da crise econômica que incrementa exponencialmente o número de famílias em condições de vulnerabilidade.

Dentre essas famílias em situação vulnerável estão aquelas que auferem algum rendimento, fruto de trabalho precário, temporário, intermitente, enfim, um processo que vem aumentando o número de trabalhadores ocupados, mas rebaixando o salário médio recebido pela força-de-trabalho. Trata-se, portanto, de um cenário extremo de “incremento do emprego, com salario tendendo a zero ou até valor negativo (quando o trabalhador “paga pra trabalhar”), como lembrava o Professo Lauro Campos, destacando as teses reacionárias defendidas no século passado pelo economista de Cambridge Arthur Pigou.

Quem tem fome tem pressa!!!

Com o crescimento da demanda pela proteção social do SUAS, medidas emergenciais para desafogar a fila nos CRAS são necessárias. Uma dessas propostas vem sendo defendida pelo Movimento Coletivação, filiado à CMP, no sentido de liberar a aprovação da atualização de dados e/ou ingresso no Cadastro Único de maneira rápida e eficiente, dando poderes a todo(a) Assistente Social (servidor público) poder para aprovar e atestar o formulário preenchido pela família que está demandando a liberação do Bolsa Família/Auxilio Brasil.

Julho de 2022

Afonso Magalhaes

CENTRAL DE MOVIMENTOS POPULARES (CMP-DF)

A LUTA DE CLASES E O 1° DE MAIO AVANÇARAM A UMA ETAPA SUPERIOR DA HISTÓRIA: RUMO A UMA NOVA SOCIEDADE

MANIFESTO DO 1º DE MAIO 1886-2022

A humanidade vive uma nova etapa naquilo que chamamos de “desenvolvimento social na história”, que recordamos neste 1º de Maio de 2022. E nesse curso se concentra tanto a necessidade objetiva do “sinceramento histórico” como o papel do ser humano em sua relação com a natureza. Uma evolução desigual e combinada, com deficiências sociais para a construção de um instrumento de direção que assuma essa responsabilidade em forma aberta e materialista dialética do processo histórico que amadurece e se expressa em distintas partes do planeta.

A LUTA PELA JORNADA DE 8 HORAS DE TRABALHO,
O 1º de MAIO DE 1886/2022 E O PAPEL DA RÚSSIA DE BASE SOCIAL SOVIÉTICA

Neste curso da história da humanidade, seu eixo central é seu avanço com a intervenção da Rússia de base soviética – com o Exército Vermelho – na Ucrânia. Essa é a condição real em que se desenvolve combinadamente o curso, muito além do que se faça para deter a entronização nazi-imperialista na Ucrânia e que esta jogue o papel contrarrevolucionário na história ao ser governada pelo imperialismo e seu estado superior na divisão de classes: o Nazismo, sociedade dividida entre escravos produtores, xenófobos, racista imperialista!

Na Ucrânia, estava sendo organizado política-militar-socialmente (ainda que parcialmente) uma condição retrógrada da história, na tentativa de golpear a consciência dos trabalhadores do mundo, como o capitalismo fez nos EUA em 1886, assassinando os Mártires de Chicago. Mas agora, em 2022, é a tentativa de impor uma involução na ex-república soviética da Ucrânia, provocando a intervenção da Federação Russa, do Exército Vermelho e das milícias populares da região de Donbas, para impulsionar a libertação do povo ucraniano das máfias nazi-imperialistas. Da mesma maneira que, em princípios do século XX, na Rússia czarista, aflorou positivamente as experiências da derrota na Comuna de Paris, em 1871, e do 1º de maio de 1886, nos EUA, quando o proletariado estadunidense avançou em sua luta de classe, refletindo-se historicamente no triunfo do proletariado – pela primeira vez na história –, aliado aos camponeses e soldados, com a Revolução Russa de 1917, quebrando progressivamente o vértice da história da humanidade.

Então, esta condição não é um problema circunstancial das relações exteriores e mundiais de Rússia e Ucrânia, mas sim uma consequência objetiva de uma necessidade – cada dia mais profunda – da humanidade de superar as relações capitalistas imperialistas dos Estados e na sociedade no mundo. Por isso o sistema capitalista mundial, sua cabeça, o imperialismo, e as grandes burguesias europeias com um enorme medo típico de classe exploradora, hesitam em intervir abertamente com a OTAN, como fizeram na Iugoslávia, aproveitando as possibilidades abertas na Rússia durante o governo de Yeltsin (1991-99) e no Iraque, Líbia, Afeganistão etc

NESTE 1º de MAIO, SAUDAMOS OS POVOS DO MUNDO

Enquanto a sociedade capitalista-imperialista navega entre a inflação com recessão econômica e deflação, como vimos analisando há anos, o sistema imperialista, que perdeu sua anterior hegemonia, está colhendo o fracasso de sua política durante os primeiros anos da desaparição da URSS – para nós, meramente formal… frente ao curso da história –, quando promoveu uma milionária infiltração empresarial na economia russa, sustentada em intervenção financeira, cultural, política e social, para chegar a uma camada social de 20 milhões pessoas, utilizando a desagregação burocrática do aparato estatal conservador atrasado e o lógico antagonismo com sua origem comunista, que era a estrutura do aparato estatal, administrativo da URSS, onde conviviam 20 milhões de burocratas como parasitas que ansiavam ser “burgueses” e que alguns hoje são parte da oligarquia multimilionária que vaga pelo mundo.

Um curso que vinha da Rússia que reemergiu a partir de 1999/2000 e, em uma realidade histórica como o demonstra a partir do ano 2000, retomando seu papel na luta de classes depois da “extinção formal da União Soviética” e que qualificamos como só “um desvio do curso da regeneração parcial do Estado operário soviético.” (1).

Por isso, neste Manifesto do 1º de Maio, não se pode fazer uma análise-balanço desta etapa da humanidade – de 136 anos em que a classe trabalhadora manteve permanentemente a luta dos Mártires de Chicago que homenageamos – só considerando a luta pelas 8 horas, mas também a luta pelo direito à vida, da mesma maneira como hoje ocorre na intervenção russa na Ucrânia. Ambos os acontecimentos históricos têm um fio condutor que os ligam aos trinta anos posteriores à formal desaparição da URSS, em relação à qual consideremos, já em 1991, “só um desvio transitório” (2).

Então, comemorar o 1º de Maio de 1886, nas atuais condições mundiais, é elevar o pensamento e a ação desse exemplo histórico do proletariado estadunidense que cruzou fronteiras e se instalou em todo o planeta; é recordar que neste 1º de maio de 2022 não só há uma continuidade, senão uma unidade férrea com o que representa a luta de classes daquele 1º de Maio de 1886, quando os trabalhadores de Chicago realizaram um paralisação no trabalho, lutando pela jornada laboral de 8 horas, aos que se somaram mais de meio milhão de trabalhadores em todo EUA, em cinco mil ações de apoio. Ali também era a resposta da classe trabalhadora – como vemos agora com a ação da Rússia na Ucrânia, que também é de uma base social soviética como na Rússia – que vai evoluindo como classe, que ainda vindo de ser golpeada por não ter sido possível triunfar na França, na Comuna de Paris de 1871, já tinha a ferramenta para elevar teoria e ação, que em 1848 se deu à luz com o Manifesto Comunista de Marx e Engels. O 1º de maio de 1886 mostrou a decisão da classe trabalhadora de que era necessário abrir a história para construir uma NOVA SOCIEDADE, e como isso seria um estímulo de classe que triunfaria 31 anos depois com a Revolução Soviética na Rússia, sob a direção do partido bolchevique com Lenin e Trotski na cabeça, e mudaria para sempre o curso da história marcando o vértice entre um antes e um depois. Uma experiência que em nossa opinião está na base do papel da direção política e militar da Rússia de base social soviética hoje, com as ações que desenvolve em Ucrânia.

É esse povo e a URSS que foram base fundamental para o triunfo da Revolução Chinesa, de Vietnam, Cuba, entre outros. Mas em condições históricas diferentes das que existiam na Revolução Russa de 1917, porque esta havia demonstrado e afirmado a realidade de poder construir uma Nova Sociedade. E também porque, em 1917, os Soviets de operários, soldados e camponeses russos não tinha o apoio de nenhum Estado, como sim tiveram as posteriores revoluções por parte da URSS.

A BANDEIRA DOS MARTIRES DE CHICAGO É UNIVERSAL

A homenagem a Michael Schwab, Louis Lingg, Adolf Fisher, Samuel Fielden, Albert Parsons, August Spies, Oscar Neebe, George Engel é feito dentro do desenvolvimento materialista dialético do curso da história através da luta dos povos em todo o mundo. Na África, Oriente Médio, América Latina, Europa e EUA, em um mundo capitalista e sua crise imperialista e final. Mas onde se abrem os espaços é no processo revolucionário que se dá na República Popular da China, na Rússia de Base Soviética, no Vietnam, Coreia do Norte, e também em Cuba, Venezuela, Nicarágua, Bolívia, Peru, Chile, México, Argentina e, em poucos meses, no Brasil com Lula Presidente.

Os processos sociais, políticos e econômicos da história não são lineares, nem paralelos, mas ocorrem combinadamente desiguais em que se entrelaçam particularidades na luta social dos povos. Processos que na natureza começaram há milhões de anos, organizando a matéria e evoluindo a vida tal qual conhecemos hoje, desde lá atrás, em séculos e anos o enriquecimento dos conhecimentos que elevou a ciência, a cultura e a política como razão do coletivo e o papel do indivíduo. Um curso que hoje se abre com a intervenção – não “invasão” – da Rússia de base soviética EM DEFESA DA HUMANIDADE e pelo direito à vida e progresso social no mundo.

E é ali onde se equipara a luta do 1º de maio de 1886 com o que hoje está se desenvolvendo no mundo. Tempos e espaços que claramente se vinculam historicamente, muito além do fato de que os trabalhadores do mundo ainda não conseguiram construir o organismo mundial – a Internacional Comunista – que permita harmonizar as relações humanas, desaparecendo as classes e “voltando a ser irmãos” (canto da Nona Sinfonia de Beethoven), e que o determinante seja o progresso social e não a concentração individual do sistema capitalista.

O IMPERIALISMO TENTOU FAZER DA UCRÂNIA UMA MIAMI

O sistema capitalista mundial, as burguesias europeias tem consciência de que o imperialismo perdeu a hegemonia, e já não pode criar novas coreias, vietnans, yugoslavias, iraks, libias, afeganistões etc. sem sofrer as consequências disso. Eles sabem que a luta dos povos impede entronizar ditadores diversos, mesmo a sangue e fogo, como os que impuseram, em outra etapa, na Argentina, Brasil, Chile, Guatemala, África e no Oriente Médio, atrasando a cultura natural dos povos. Sabem também que a emigração de milhões de pessoas é um problema da economia capitalista que, concentrando-se, desloca a mão-de-obra e as condições de vida dos povos.

Frente a isso, foi-se estruturando uma força objetiva que é a da SOLIDARIEDADE e que se expressou recentemente na crise do Covid19 e a PANDEMIA MUNDIAL. Solidariedade social que derrotou o individualismo feroz e o atraso capitalista. Os povos não se paralisaram como a ciência tampouco se paralisou: foi o Centro Nacional Gamaleya de Epidemiologia e Microbiologia da Rússia que deu a primeira e melhor vacina – a SPUTINIK – que salvou centenas de milhões de seres humanos em todo o mundo.

Por isso, e em nome dessa “solidariedade”, é que neste 1º de Maio de 2022, avaliamos como central o que está se desenvolvendo na Ucrânia, onde o imperialismo queria transformar seu povo em bastião central de sua política mundial, em seu plano para derrotar a partir de dentro da própria Ucrânia a consciência de sociedade soviética do povo russo. O povo ucraniano só interessa ao imperialismo como bucha de canhão para seus fins hegemônicos. Não é um problema da história, nem das origens e formação dos povos ucraniano, russo, etc. e sim do atual papel que hoje cumprem os bandos nazistas na Ucrânia, como antes (1940/45), com Stepán Bandera e sua aliança com o nazismo e o exército de Hitler, para atacar a URSS, como também do papel que em 2014 cumpriram em sua macabra oportunidade para golpear com uma falsa primavera antiburocrática que, na realidade, era uma rebelião organizada e sustentada pelas forças estrangeiras contra o povo, assentada na crise da velha burocracia, crise que começou em 1991 com a desaparição formal da URSS e que, em outro tempo e espaço, eclodiu em 2014 na Ucrânia, já desmembrada do resto das repúblicas da ex-URSS, em rompimento com a unidade regenerativa dos Estado Operário Soviético. O que o sanguinário imperialismo fez foi olfatear a crise interior e transitória do aparato, como vinha fazendo M. Gorbachov, a partir dos aparatos estatais que essa burocracia dominava. O cálculo imperialista de sua compenetração na Rússia tem o mesmo erro de fábrica, de tentar se basear e estruturar nos 20 milhões na Rússia e nos 40 milhões de ricos e milionários na China. Na China, pensam que isso já faz o capitalismo estar estabelecido socialmente, e não uma maneira de a China se utilizar, neste tempo e espaço, das relações mundiais de forças, a exemplo de Lenin quando propôs a NEP (Nova Política Econômica, em 1921) para avançar na sociedade soviética sobre o cadáver da realeza e a nascente burguesia. Uma situação combinada de produzir e crescer na República Popular da China, onde o sistema capitalista acha que tem capitalismo, subestimando a capacidade do povo e governo comunistas.

É nessa falsa expectativa imperialista que há que analisar o curso na Ucrânia. O sistema capitalista mundial queria fazer da Ucrânia uma catapulta contra a Rússia e, para isso, lograr construir uma “Ucrânia maiamera”, ao estilo da Miami “gusanera contra Cuba”, mas no caso em questão, vizinha ao coração da região, ou seja, a Rússia de base social soviética! De uma Rússia da qual o sistema capitalista mundial não era nem nunca será sócio porque, longe das aspirações imperialistas do capitalismo atual, a Rússia, seu governo, seu povo e o Exército Vermelho são uma condição que contrarresta o domínio político, social, cultural, econômico que o imperialismo impõe. Uma Rússia de base social soviética que, longe de ter sido destruída, a partir do ano 2000 entrou em um processo de reorganização interior do papel do Estado e da produção planificada, etc. cada dia assumindo maior papel e controle na vida econômico-produtiva do país, e dessa forma os bilionárias investimentos capitalistas – iniciados quando o capitalismo acreditava que havia chegado o tempo do “fim das ideologias e da história”, com seu efêmero triunfo – não conseguiram quebrar o espírito e a decisão soviética de uma sociedade superior. Tentaram fazer como na Flórida/Miami, onde se refugiou uma parte da sociedade de classe média alta e a entourage do ditador Fulgêncio Batista, para a partir dali organizar complôs contra o progresso do Povo e do Governo de Cuba. É bom lembrar que, no começo da década de 1960, pela “fuga” de médicos etc., Cuba teve que enfrentar falta de profissionais de saúde, e hoje tem um povo não só com atendimento médico, como também envia médicos em ajuda a todo o mundo.

Queriam fazer da Ucrânia uma Miami, e assim avançaram contra a Rússia e seu povo. Por isso a intervenção do Exército Vermelho da Rússia é uma intervenção de Libertação Social e isso vai amadurecer no seio do povo da Ucrânia, porque esse processo não lhe é só próprio e individual como país, como também de toda a humanidade.

Monumento em homenagem a Lenin, restaurado em Henichesk, Ucrânia, depois de ter sido demolido pela milícia neonazista

“A HUMANIDADE ESTÁ APTA PARA O SOCIALISMO” (J.Posadas 1979)

Neste 1º de Maio de 2022, a evolução da luta de classes de 1886 em diante elevou seu potencial social no sentido da acumulação de experiências e objetivos concretos. Os povos, os trabalhadores do mundo, que há 136 anos lutavam pela jornada de 8 horas, hoje lutam por emprego, e não é um retrocesso, mas uma relação em que a dinâmica produtiva da civilização e da ciência elevou a produtividade ao ponto de conseguir produzir em segundos o que antes levava horas ou dias. E o sistema capitalista utiliza esse avanço para seu irrefreável processo de concentração de riquezas, e também e poder, afinal de contas, até as organizações do sistema refletem isso, quando um punhado de capitalistas são donos desse mundo e da “democracia representativa” que eles dominam.

Por isso, devemos partir das 8 horas de 1886, e viver hoje o desenvolvimento das forças produtivas, base da “mais valia concentrada” (3) (LC, 1988), confirmação prática da previsão de Marx e Engels sobre o desenvolvimento do capitalismo e sua natureza de sistema de exploração da força de trabalho. Uma natureza que não muda, e segue criando o mesmo antagonismo de classe entre explorados e exploradores, condição social que será sua coveira histórica.

Ao mesmo tempo, e já há 34 anos, dissemos que estava por vir uma nova aliança da classe trabalhadora, da luta de classes com a “REBELIÃO DAS FORÇAS PRODUTIVAS” (4) e que esta condição da história, do avanço da produção e da produtividade, não só iria contra o próprio sistema, como previram os mestres marxistas, como também se aliaria à “luta de classes”. Assim, a luta pelas 8 horas de trabalho daquele 1º de Maio de 1886 evoluiu ao patamar de defesa do trabalho e do direito à existência e à vida plena, sem o estigma do desemprego e com os progressos da ciência beneficiando toda a humanidade. A luta dos Mártires de Chicago e do movimento operário estadunidense é o que hoje está se desdobrando em todo o mundo.

O sistema mundial capitalista cresceu, sem dúvidas, mas também suas contradições evoluíram ao nível de negatividades. Ali está o que, eufemisticamente, se chamou de “globalização”, que na verdade era a “unipolaridade” na condução do sistema imperialista mundial e sua concentração inevitável. Por mais que inventem novas moedas virtuais, bitcoins etc… são só fogos de artifício em meio à tormenta da crise final do capitalismo, como engenhocas criadas para não aceitar sua etapa que chegará ao fim em um período de tempo indeterminado, mas materialmente lógico. E isso, ao mesmo tempo que confirma Marx e Engels, e valida toda luta dos Mártires de Chicago e seus nobres objetivos, demonstra que o sistema está em uma crise sem saída, para além dos tempos e espaços que esta fase tenha. Porque não está na balança da história só as 8 horas de apropriação da força de trabalho humano, mas o próprio funcionamento desta sociedade, que conseguiu se desenvolver contraditoriamente a si mesma, elevando tanto a produção quanto a produtividade, mas também aumentando a pobreza, a exclusão e a indigência de centenas de milhões de seres humanos que não cabem na “economia de mercado” do sistema capitalista em sua etapa imperialista de concentração.

Incluir 25% da população mundial com poder aquisitivo não é suficiente para o sistema validar seu funcionamento. É como usar peneira para tapar um sol que mostra o restante dos 75% da população mundial, excluída do progresso social da vida, uma condição que em muitos países chega a 90% do povo. Um povo que, mesmo assim, luta pela vida e pelo progresso social.

Por isso essas estruturas vão abaixo no Chile, no Peru, em Honduras, e ocorrem lutas reivindicatórias na Europa “desenvolvida”, com o fim do seu “sistema de bem estar social”. Mas queremos destacar o curso também nos EUA, onde o sistema se concentrou para ditar as regras do mundo e agora está vivendo uma crise enorme com 48 milhões de pobres, inflação de 8%, brutal na economia estadunidense, com desagregação das relações internas da sociedade, em que a vida está sempre por um fio em alguns segmentos por conta da agressividade social resultante das perversas relações de trabalho. Uma realidade que levou à tomada do Capitólio por um setor dessa base social que apoia a política nacionalista de direita de Trump, porque aponta à criação de TRABALHO com a defesa da reindustrialização dos EUA. Algo que Trump quer fazer, mas a história leva à mesma crise que gerou o 1º de Maio (5).

Esta é a realidade do curso histórico neste 1º de Maio. Não há retrocesso, só SINCERAMENTO DO CURSO, como definimos em 1988, e isso confirma o pensamento marxista revolucionário de J.Posadas: “a humanidade está apta para o socialismo, mas hesita em dar o passo adiante porque ainda não conseguiu fazer uma experiencia triunfante de vida socialista em plenitude”.

É nessa perspectiva que recordamos a luta dos Mártires de Chicago e do 1º de Maio de 1886 em diante: quando há a possibilidade real de um setor do sistema capitalista decidir fazer uma guerra nuclear como ferramenta militar; quando no mundo já se produz alimentos para mais do dobro da população do planeta, o que, por si só, mostra que o problema não é de produção, mas de distribuição do que é produzido pela força de trabalho; quando na Ucrânia está se desenvolvendo uma parte do processo de regeneração do Estado Operário Soviético e a Nova Etapa da história da humanidade, e ao mesmo tempo a história não tem uma direção mundial que supere as classes e já se disponha a reconstruir a história e dar sentido à vida. Assim, este manifesto foca e prefere se basear mais no melhor da humanidade, do que nas deficiências, sem dúvida superáveis, mas ainda existentes, que estão se desenvolvendo conforme o curso progride.

Não existe saída “pelo meio nem por baixo” desta crise da história, que se resolve, por enquanto, só na Ucrânia e na Rússia, que assumiu mais uma vez a responsabildade do curso histórico da humanidade. A primeira vez foi em Outubro de 1917. É POR CIMA E PARA ADIANTE A SAÍDA do labirinto do capitalismo; é a tarefa de todo ser humano que ama a natureza. Apesar das dificuldades organizativas, políticas, sindicais, culturais ou religiosas. O que está se resolvendo hoje é A DEFESA DA HUMANIDADE, DA VIDA, DA NATUREZA E DO COSMOS.

A luta de Michael Schwab, Louis Lingg, Adolf Fisher, Samuel Fielden, Albert R. Parsons, Auguste Spies, Oscar Neebe, George Engel é a de milhões em todo o planeta. Os tempos e espaço não são iguais em todos lugares, mas tem uma mesma direção e condição social: liberar as forças produtivas do trabalho, organizando uma NOVA SOCIEDADE DISTRIBUTIVA SEM EXCLUSÕES, e essa NOVA SOCIEDADE é O SOCIALISMO.

Viva os Mártires de Chicago e sua luta imortal!!

Viva o Povo, Exército e Governo Russo defendendo a humanidade!!

Viva os povos do mundo que, sem outras armas além da sua consciência de classe trabalhadoras, lutam pelo futuro socialista da humanidade.

León Cristálli, 18//04/2022.
Secretariado Internacional da IV Internacional (Leninista-Trotskista-Posadista)
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(1) Ver “A queda da burocracia e o processo de reconstrução da direção soviética” Joel Horacio. Edições VOZ Proletaria. Outubro 1991 e “O fim do PCUS e da burocracia soviética na perspectiva socialista da humanidade”, Joel Horacio, Edições VOZ Proletaria, fevereiro de 1992.

(2) Prólogo de León Cristalli ao livro de J.Posadas “O Pensamento Vivo de Trótski”: “A Perestroika, uma deformação transitória no progresso ao socialismo”, Editorial Ciência, Cultura e Política, abril de 1990.

(3) Pode se ler o desenvolvimento deste conceito no texto publicado no VOZ Proletária 1612, de fevereiro de 2017, com o título “Longevidade e sistema capitalista”.

(4) O conceito está explicado no editorial da Revista Internacional Conclusiones nº 23, de novembro de 2008, com o título de “Marx sempre teve razão. A etapa final de um sistema: a rebelião das forças produtivas”.

(5) A fundação J.Posadas publicou em 2016 e 2017 o livro “Trump é a crise dos EUA em um mundo em revolução”, tomos I e II, ambos de León Cristálli.

Alckmin como vice de Lula: CARTA ABERTA A UM COMPANHEIRO DO CDR-INTERNACIONALISTA

 

CARTA ABERTA A UM COMPANHEIRO DO
CDR-INTERNACIONALISTA QUE SE MANIFESTOU CONTRÁRIO À INDICAÇÃO DE GERALDO ALCKMIN COMO VICE DE LULA

A propósito do anúncio, dia 08/04, da pré-candidatura de Geraldo Alckmin a vice de Lula na chapa à presidente da República, divulgamos a seguir Carta Aberta elaborada a partir de debate entre companheiros do Comitê de Defesa da Revolução Cubana-Internacionalista (CDR-I), filiado à Central de Movimentos Populares, abrangendo as inquietudes e preocupações com a conjuntura pré-eleitoral no que diz respeito à amplitude de alianças do campo democrático e antifascista e ao protagonismo popular necessário em um processo cheio de contradições e limites para esta intervenção. Eleições que ocorrem em um momento histórico de crise do sistema capitalista, escancarada com os efeitos da pandemia de Covid-19, e de ponto de inflexão na correlação de forças mundial, de “perda da hegemonia imperialista”, evidenciado pela ação político-militar da Federação Russa contra a OTAN e o neonazismo na Ucrânia.
Logo a seguir, reproduzimos texto do camarada León Cristalli, diretor da Fundação J.Posadas e secretário geral da IV Internacional leninista-trotskista-posadista, comentando a Carta Aberta.

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Querido companheiro,

Totalmente compreensível a inquietação frente a esta conjuntura que contém elementos predominantemente contraditórios, eis que o recorte do processo “desigual e combinado” aparece, na forma, muito mais desigual do que combinado, ou seja: tudo de progresso que a humanidade conquista (na ciência, na cultura, na política etc) vem incidindo menos na conjuntura…, onde os elementos de atraso (político, social, econômico, cultural etc.) tem sobressaído bem mais (neofascismo, negacionismo, fome, miséria, xenofobia, belicismo, intolerância etc.).

E esse progresso “desigual e combinado”, não-linear, incide obviamente dentro dos nossos próprios instrumentos de classe, incluindo seus dirigentes. Falta uma Internacional Comunista de Massas para integrar, de forma combinada, todo o processo mundial de luta de classes!!, nivelando-o pelo que há de mais avançado nas lutas antimperialistas e anticapitalistas do mundo.

Alckmin vice de Lula: se o vice não fosse Alckmin, seria outro ou outra que representasse uma aliança com setores da burguesia (também chamada “burguesia nacional”). Só há dois métodos vigentes no mundo hoje para derrotar o neofascismo: ou com tanques e aviões de guerra, como a Federação Russa está operando na Ucrânia (como também fez na Síria contra o ISIS, o chamado “Estado Islâmico”), ou no voto, como está colocado na atual conjuntura da maioria dos países. Não damos conta de ganhar a eleição só com os votos de quem tradicionalmente vota na esquerda. Temos que ampliar…

Lula e Alckmin ao final da reunião entre PT e PSB (08/04/22)

Derrotando os neofascistas daqui de Pindorama, os desafios continuarão agigantados, embora em um outro patamar…, porque o trabalho de base, de disputa da hegemonia das ideias socialistas e revolucionarias na sociedade vai precisar ser intensificado, em qualidade e quantidade. Quando do golpe contra Dilma, ficou claro a debilidade do “trabalho de base” articulado entre políticas públicas, partido, sindicatos e movimentos populares. E o golpe abriu a porta para o aparecimento de um Bolsonaro e sua malta de criminosos.

Por fim, companheiro, é importante registrar o seguinte:

– A título de exemplo: a tática da guerrilha, do Exército Rebelde, que funcionou na Revolução Cubana a despeito do ceticismo de tantas correntes políticas da época (stalinistas, maoístas e até de correntes trotskistas “europeias”), só foi bem-sucedida porque o Movimento 26 de Julho era bem amplo, abrigando correntes nacionalistas e democrático burguesas. Não era tudo guevarista no M-26! Depois sim, houve uma depuração…à direita e à esquerda (neste último caso, em prejuízo do guevarismo que crescia na Ilha até 1965).

– Não é mesma coisa “Alckmin no PSDB” e “Alckmin no PSB”. O PSDB surgiu como “esquerda do MDB” e depois virou instrumento da burguesia financeira e parasitária SP. Já o PSB representa mais as camadas médias urbanas, nas regiões metropolitanas e também cidades menores. O PSB não tem a mesma pegada “popular e operária” do PT, mas é um partido aliado, com todas as suas contradições internas e diferenças regionais. Aqui em Brasília o PSB é bem mais atrasado do que a média nacional, controlado que é, há 30 anos, por um ex-deputado que está muito longe de ser um “socialista”.

Finalmente, é preciso entender que o CDR-Internacionalista é um instrumento de promoção da solidariedade à Cuba. Não é exatamente uma “corrente política específica”. Podemos ser considerados uma “corrente política antimperialista” (num conceito mais geral).

Com a polarização de classes vigente na conjuntura brasileira, temos que fechar com Lula para podermos enfrentar outros desafios: esmagar o neofascismo (que passa por derrota-los nas urnas) e contribuir para avançar na superação das mazelas do capitalismo em nosso país.

Nesse curso de avanços e conquistas políticas de classe, alguns aliados certamente ficarão para trás… Mas o importante é estarmos juntos da massa da população da cidade e do campo, incluindo a juventude operária-estudantil-camponesa, organizando-a em seus instrumentos de luta: partido, federação partidária, sindicatos e movimentos populares.

Saudações cederistas e socialistas! Sempre com Cuba Socialista!!

8/4/2022

Afonso Magalhães, coordenador do Comitê de Defesa da Revolução Cubana-Internacionalista (CDR-I) e presidente do PT Guará.

Queridos camaradas da seção brasileira, camarada Afonso Magalhães,

Saudamos o documento sobre AS CONDIÇÕES POLÍTICAS DO BRASIL E AS TAREFAS NECESSÁRIAS PARA RECUPERAR O GOVERNO E TRILHAR O CAMINHO DE UM DUPLO PODER SOCIAL NO BRASIL.

Este texto, escrito pelo Afonso na forma de uma “Carta Aberta” é uma aplicação prática, objetiva e correta daquilo que é exigido pelas necessidades do progresso social no Brasil, na região e no mundo.

Mantendo a fraternidade do debate entre companheiros, a carta aberta dá os argumentos práticos, baseados na política e ideologia marxista revolucionária (que não é outra coisa que aplicar o leninismo-trotskismo-posadismo), para TOCAR NO NÚCLEO CENTRAL DA QUESTÃO que é: como sair por cima da crise mundial do sistema capitalista e suas expressões em cada país.

Por isso, citar a ação da Rússia de base social soviética na Ucrânia é tão fundamental como ver que é preciso articular um aliado que, vindo do campo da burguesia, tem duas particularidades: tem interesse no desenvolvimento do País; e já não tem a confiança no sistema, por isso sai do PSDB e vai pro PSB, com todas as críticas que se possa ter a esse partido.

O centro não é Geraldo Alckmin, mas sim LULA E O PROLETARIADO, que arrasta milhões no campo e nas cidades. E apesar da importância que temos, o centro também não somos nós, a CMP ou o CDR-I etc… o que é central, decisivo, é o PT, a CUT, os sindicatos etc… então, é preciso colocar em prática uma política que seja, ao mesmo tempo, LÓGICA, E QUE NÃO PERCA SUA ESTRUTURA DE CLASSE E REVOLUCIONÁRIA. E é isso que Lula está fazendo, uma ALIANÇA NA QUAL O QUE É DECISIVO É A BASE PROLETÁRIA EM QUE LULA SE APOIA e, por outro lado, A DEBILIDADE DA BURGUESIA BRASILEIRA QUE QUER UM DESENVOLVIMENTO INTERNO INDEPENDENTE DO IMPERIALISMO.

Nós, queridos camaradas, temo escrito e analisado há muitos anos sobre este curso, sobre a crise do PT, as contradições do governo da companheira Dilma Rousseff etc, e também apontando que existe uma condição nacional específica da perspectiva nacionalista no Brasil que a obriga a deixar pra trás o nacionalismo burguês clássico e avançar ao nacionalismo revolucionário. E que esta defesa das instituições da democracia burguesa atual é atacada e sucumbe porque há uma crise sem saída, e mundial, do sistema. Condição que, com a intervenção da Rússia soviética na Ucrânia, detendo o imperialismo e sua cabeça nazista ali, está desarmando o golpe mundial contra a humanidade que ele vinha preparando e executando por meio de uma “3ª Guerra Mundial desigual e combinada”, e que agora fica claro como se desenvolve: sem a participação direta da sua ferramenta central, a OTAN, vão insuflando e estruturando a guerra com todo o PODER MILITAR, POR ENQUANTO COM ARMAS REGULARES, MAS QUE IRIA (E AINDA VAI) NO RUMO DE SER BIOLÓGICAS E NUCLEARES.

Nós voltaremos a estes pontos, mas o fato é que LULA ESTÁ SAINDO POR CIMA DESTA CRISE, APOIANDO-SE PRINCIPALMENTE NÃO EM SUA ALIANÇA POLÍTICO ELEITORAL COM ALCKMIN, MAS NA RELAÇÃO COM O POVO BRASILEIRO, e isso nenhum vice nem ninguém pode tirar dele. Da mesma fora, essa aliança terá efeitos em termos de apoio dentro das Forças Armadas.

Queremos saudar uma vez mais esta carta aberta de Afonso, e mandamos um abraço a toda equipe.

León Cristálli, diretor da Fundação J.Posadas e secretário geral da IV Internacional leninista-trotskista-posadista.

GEOPOLÍTICA E GUERRA: O RECONHECIMENTO, PELA RÚSSIA, DAS REPÚBLICAS POPULARES DE DONETSK E LUGANSK.

GEOPOLÍTICA E GUERRA
O RECONHECIMENTO, PELA RÚSSIA, DAS REPÚBLICAS POPULARES DE DONETSK E LUGANSK: ANTECEDENTES, DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO E OS NOVOS CENÁRIOS

No contencioso Rússia-Ucrânia, todos os fatores devem ser considerados para entendê-lo: diferenças nacionais, culturais, interesses econômicos específicos, interesses energéticos, etc

O método marxista – materialista histórico e dialético – acolhe todos esses vetores, mas sempre coloca como determinante os antagonismos sociais e históricos de classe, ou seja, os antagonismos entre capitalismo versus socialismo, como questão central.

A Rússia não perdeu sua base social e histórica soviética porque a roda da história pode até travar, desviar-se no caminho, mas ao fim e ao cabo avança. Essa “base soviética” foi condição para a sua sobrevivência como país e nação, diante dos abalos sofridos durante o período de Boris Yeltsin, nos anos 90, até o ascenso de Vladimir Putin.

Essa é a chave para entender o atual conflito e o papel de cada protagonista no processo: Vladimir Putin – Governo neofascista da Ucrânia – EUA – OTAN – União Europeia – Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk

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As tensões e a iminência de uma guerra a partir da fronteira entre Rússia e Ucrânia causam um misto de apreensão e incredulidade no mundo. Como se chegou a esse acirramento? …muitos perguntam. Quem está ligado nas agências de notícias imperialistas, principalmente as estadunidenses, vão cansar de ler e ouvir que a “soberania e a paz da Ucrânia está sendo ameaçada pelos malvados russos!”. Ao lado disso, análises manipuladas sobre as origens da Ucrânia, como se houvesse um antagonismo atávico entre ucranianos e russos. E, culminando essas análises manipuladas, o olhar geopolítico imperialista.

A geopolítica é um conceito antigo, mas foi sancionado nos tempos históricos mais recentes a partir dos acordos de Yalta e Teerã, ao final da II Grande Guerra Mundial, que “dividiu o mundo em áreas de influência”. De notar que, da parte dos EUA, o conceito de “área de influência” é bem mais amplo, abarcando a totalidade do Planeta, onde eles não tem o menor escrúpulo de meter o dedo em qualquer país, mesmo que não tenha sido convocado para tal, desde que seus interesses globais estejam em jogo, muitas vezes sob o manto da OTAN, cujo “pacifismo” alardeado por seus cabeças foi publicamente atacado por Vladimir Putin que lembrou que a população da Yugoslávia, Afeganistão, Iraque e Líbia sabem muito bem o que é o “pacifismo da OTAN”.

Vladimir Putin e Xi Jinping | Rússia e República Popular da China: “parceria sem limites”.

Afortunadamente, Rússia e China vem se “soltando” em relação ao esquematismo da geopolítica, buscando acordos em todos os espaços geográficos, não só na Ásia, como na África e na América Latina. Todos conhecem o apoio que a URSS deu a Cuba, ao longo dos anos 60 e 70, mas isso ocorreu com importantes sobressaltos, como na Crise dos Misseis, de 1962, quando Nikita Kruchev deu um by-pass na direção revolucionária de Cuba, fazendo acordo via “telefone vermelho” com J. Kennedy e retirando os misseis nucleares soviéticos da Ilha. Vinte anos depois, em 1982, o problema criado por Breznev para Cuba não foi menos sério: a direção da URSS informou a Cuba que, se os yankes invadissem a Ilha, eles – a URSS – não teria condições de intervir militarmente em defesa e em solidariedade a Cuba!

Fidel e Raul Castro não passaram recibo para a burocracia soviética, tratando logo de organizar o povo para defender a revolução dentro do princípio – propagado ao mundo pelos vietnamitas – de “guerra de todo povo”. Daí surgiram as MTT em Cuba (Milicias de Tropas Territoriais), bem como toda uma reengenharia física para a defesa dos territórios e na defesa armada contra os agressores. A URSS, à época, estava comprometida com o apoio ao Afeganistão (apoio geral, inclusive com tropas militares). Na visão geopolítica da burocracia, a área de influência da URSS estava ali, no vizinho Afeganistão. Cuba estava na área de influência dos EUA.

Ainda bem que esse conceito vai pouco-a-pouco se diluindo, a partir da queda da burocracia soviética, em 1991. E isso ocorreu a despeito das turbulências ideológicas provocadas por um suposto “fim da história”, como proclamou equivocadamente F. Fukuyama, e da efêmera “unipolaridade” no mundo, hoje superada com o protagonismo antimperialista da Rússia e da China.

Voltando à Ucrânia…

A mídia imperialista fica procurando pelo-em-ovo no que diz respeito a diferenças étnicas, nacionais, entre ucranianos e russos. Difícil avançar por esse caminho que, se já não funcionou recentemente no Kazaquistão – onde tentaram encaixar uma nova “guerra hibrida” -, funciona muito menos na Ucrânia, onde a origem ancestral da população local se confunde com a origem do povo russo. Particularidades como diferenças de idioma –  que não são tão distantes assim, eis que o “ucraniano” surgiu como “dialeto da língua russa” – foram consideradas quando da Revolução Russa , em 1917, e com o seu corolário: a formação da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, que ao final da II Grande Guerra Mundial contava em seu interior com 15 Republicas. Os bolcheviques construíram uma estratégia de integração “na ótica da classe operária”, com planejamento centralizado, execução descentralizada, funcionamento pleno e democrático dos Soviets e respeito as particularidades culturais, com total autodeterminação nesse quesito, inclusive com respeito ao idioma local, sendo a língua russa o instrumento de comunicação entre todos os povos soviéticos. De fato, na República Socialista Soviética da Ucrânia, 90% dos estabelecimentos de ensino (em todos os níveis) tinha o ucraniano como idioma principal. Está claro então que, fora dessa quadra da histórica (de 1917 a 1991), a Ucrânia nem existia como país, estado ou nação. E a partir de 1992 tornou-se um território em disputa de classe, tendo em conta a legitimidade histórica e a construção do futuro da região e do continente europeu.

Nesse ponto, é importante sublinhar a fala de Putin em recente entrevista coletiva, quando lembrou que a “Ucrânia foi criada por Lenin e seus companheiros”. Tal afirmação tem duplo sentido: primeiro, mostrando aos ignorantes da mídia que eles estavam tipo “cumprimentando com o chapéu bolchevique”, uma forma de ironizar a posição das agencias de notícias imperialistas; e, segundo: explicitando um certo desconforto com que Putin entende a União Soviética, cujo fim ele reconhece ter sido uma desastre histórico para o povo russo… Mas, em outras ocasiões, Putin abriu seu entendimento sobre a concepção da URSS, afirmando que os bolcheviques, em metáfora brasileira, “deram um salto maior que as pernas”.

Putin vê a URSS como uma “confederação de federações”, um intento para ele inviável, no sentido de unir realidades histórico-étnico-geográficas tão heterogêneas, tipo, em metáfora russa, “matrioskas” que não cabem uma dentro da outra. (Lembrando que, dentro da Federação Russa convivem mais de uma centena de grupos étnicos.)  Nesse sentido, Putin sugere que isso só é realmente possível quando esta diversidade já está consolidada historicamente dentro de uma federação, mas não considera ser possível ter uma “federação de federações” que configure um único estado e país.

Não seria o caso de se referir aos bolcheviques utilizando a máxima “não sabendo que era impossível, criaram a URSS”. Realmente não é o caso! Os bolcheviques tinham convicção de que a União Soviética é não só uma possibilidade, como também uma necessidade histórica! E mais: tinham visão claramente planetária. Todas as discussões ocorridas nos quatro primeiros congressos da III Internacional Comunistas denotam claramente esse alcance da visão bolchevique: unir a classe trabalhadora mundial para a construção de um planeta socialista!!

Agora, entrar na discussão do porquê a União Soviética foi extinta, mesmo sendo uma necessidade histórica, demandaria um outro texto para aprofundarmos a questão. O fato é que o stalinismo – deformação e negação do leninismo – não deu conta de garantir a unidade da URSS e, muito menos, a sua expansão como projeto planetário da classe trabalhadora.  A própria sanção, pelo stalinismo, do conceito de “geopolítica”, com suas áreas de influência, bem como da falsa teoria do “socialismo em um só país”, é uma cristalina negação do que representa historicamente a Revolução Russa, as Internacionais Comunistas e a fundação da União Soviética!

E, nesse descaminho histórico (a história avança sim, mas não espere que o faça de forma linear), a Ucrânia foi sujeito e objeto da stalinização e degeneração da União Soviética! Vide o repugnante papel desempenhado pelo então “Presidente da República Socialista Soviética da Ucrânia”, Leonid Kravchuk, por décadas dirigente do Partido Comunista da União Soviética, que se juntou a Boris Yeltsin, seu correspondente na Rússia, para liquidar com a URSS em uma canetada golpista desfechada no segundo semestre de 1991.

Kravchuk integra hoje um partido neofascista da Ucrânia, sendo sócio da ditadura implantada no país, que teve como primeiro movimento aberto a “revolução laranja” de 2004, continuada dez anos depois com o “euromaidan”, movimento golpista que destituiu o Presidente Victor Yanukovich para levar a Ucrânia para a União Europeia e aproximá-la da OTAN. O “lado operário e industrial” do país reagiu. A população da Crimeia fez um plebiscito e decidiu por esmagadora maioria voltar a fazer parte da Rússia. Passo seguinte: Donetsk e Lugansk também realizaram plebiscito que legitimou a criação das Repúblicas Populares, respectivamente, de Donetsk e Lugansk. Odessa também encaminhou a realização do mesmo plebiscito, mas o processo foi interrompido com a chegada forças repressivas da Ucrânia, que impediram a criação de uma nova República Popular.

Reconhecimento das Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk: uma histórica vitória na perspectiva da integração soviética dos povos!!

Importante ter em conta que, no dia 15 de fevereiro, a Duma da Federação Russa – logo avalizada pelo Conselho de Segurança Nacional – aprovou Resolução conclamando ao Presidente Putin que reconheça as Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk.

Bandeiras das Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, em ato pelo seu reconhecimento oficial pela Rússia.

Esta medida foi finalmente aprovada, no dia de hoje, pelo Presidente Putin, juntamente com vários acordos de cooperação com as duas jovens repúblicas populares.  Tal decisão cria uma situação de fato para a comunidade internacional, onde países e organismos internacionais terão que seguir a Rússia no reconhecimento político-diplomático (Síria, Cuba, Nicarágua e Venezuela já acenaram no mesmo sentido), alterando a correlação de forças na região que estava bastante desfavorável ao dia-a-dia da população da região, que passa por dificuldades e privações e, ultimamente, sofrendo bombardeio das forças neofascistas da Ucrânia. Os partidos Rússia Unida e o PCFR, e outras instituições, já vinham fazendo campanha permanente de solidariedade à população local.

A mídia brasileira, depois de sete ano, agora está dando destaque à existência das duas republicas populares, mas sempre se referindo a elas como “separatistas”. Donetsk e Lugansk não são “separatistas”. A Ucrânia sim ocupou a dianteira do separatismo, quando sua então “burocracia dirigentes (em 1991), firmou uma declaração golpista, inclusive violando recente referendo onde o povo soviético tinha decidido ao contrário, desintegrando a URSS. O que a população de Donetsk e Lugansk deseja é reverter estes 30 anos de nefasta desintegração e separação.

Ao contrário do conceito manipulado e propagado de “russificação”, essa região oriental da Ucrania (Donetsk e Lugansk), foi adicionada pelos bolcheviques à jovem república soviética (a Ucrânia) como parte da estratégia de aumentar o “peso operário” na população ucraniana, eis que se trata de região mineira e industrial. Estávamos no alvorecer da Revolução Socialista Soviética!

O Governo neonazista da Ucrânia boicota os acordos de Minsk, provocando o fracasso de sua implementação

Nos dias de hoje, as condições de diálogo entre o governo da Ucrânia com as Repúblicas Populares do leste foram estabelecidas pelos Acordos de Minsk, avalizados pela Rússia e pela União Europeia. Contudo, o governo ucraniano nunca respeitou esses acordos! O país está sob domínio do neofascismo. O Partido Comunista da Ucrânia foi posto na ilegalidade e até deputados que tinham mandato pelo partido foram presos.

“A guerra é a continuação da política por outros meios”, afirmou Carl von Clausewitz , no início do século XIX. Putin considera essa assertiva, mas o foco é o acordo, não a guerra. A Rússia quer as tropas da OTAN o mais longe possível das fronteiras russas. O Exército Russo, herdeiro do Exército Vermelho fundado por Trotsky, fala inclusive em “intervenção técnica”, caso seja necessário avançar pelas fronteiras ucranianas. É plausível considerar que, se isso ocorrer, com um perfil de intervenção “técnica” ou não, o Exército Vermelho só deve parar quando chegar em Kiev, capital da Ucrânia! Estamos falando de “Rússia de base soviética”* (Leon Cristalli), cada vez mais unida à República Popular da China, e isso provoca medo-pânico no chamado “Ocidente capitalista”, dividindo o campo imperialista com o acirramento das contradições entre EUA e os Países da União Europeia.

Isso pode levar à guerra nuclear? Não devemos apostar que não possa ocorrer. Mas se temos temor de uma guerra nuclear e seu consequente “charco atômico”** (definição cunhada por J. Posadas para o pós-guerra nuclear), os dias pandêmicos de hoje chamam mais ainda a atenção para a celeridade da devastação e degradação ambiental, da destruição de rios e contaminação de oceanos. Ou seja, o vírus da covid não surgiu por casualidade e sim como “causalidade” (relação de causa-e-efeito entre a destruição da natureza e o aparecimento do persistente vírus pandêmico).

Ninguém questiona a correlação entre a destruição da natureza e da vida na terra e o surgimento do vírus e suas cada vez mais preocupantes variantes. Diante disso, o charco atômico deixou de ser “o problema” para ser “mais um problema”, porque depois de trezentos anos de domínio do sistema capitalista, a vida no Planeta Terra está definitivamente em risco! De maneira que, ou a humanidade liquida o capitalismo, ou seremos liquidados, como gênero humano e natureza, por esse modo de produção que historicamente já deu.

21 de fevereiro de 2022

Afonso Magalhaes é Economista, Presidente do PT Guará(DF) e Editor do Jornal Frente Operária,
da Seção Brasileira da IV Internacional Leninista-Trotskista-Posadista.

Leon Trotsky, teórico e mestre do marxiwmo-leninismo, dirigente do Partido Bolchevique, líder da classe operária, Ministro de Estado na URSS, estadista, chefe militar fundador do Exército Vermelho, dirigente da III Internacional e fundador da IV Internacional Comunista.

Nasceu na região de Odessa, hoje território da Ucrânia, mas que à época era Rússia. Trotsky tinha nacionalidade russa, mas era sobretudo internacionalista, dedicando sua vida à luta pelo Socialismo em âmbito planetário.

(*) – “Rússia de base soviética” – Determinação interpretada e formulada por Leon Cristalli, derivada de outra determinação: “a desintegração da URSS foi na verdade o fracasso e o fim da burocracia e um desvio transitório no processo de regeneração e reencontro histórico da URSS com os sete primeiros anos da Revolução Russa”. Essas analises e conclusões são desenvolvidas a partir da realidade social e histórica da Rússia – extensiva a outras ex-Repúblicas soviéticas –, depois de 70 anos de existência da União Soviética, base esta que foi fundamental para superar o período de Boris Yeltsin, nos anos 90, e dar passo à ascensão de Vladimir Putin.

(**) – “Charco atômico” – Cenário pós guerra nuclear (situação iminente desde o fim da II Guerra Mundial) , previsto por J. Posadas em textos publicados na Revista Marxista Latinoamericana, nos anos 60 e 70,  bem como no Jornal “Frente Operária”. “Charco atômico” seria uma situação de destruição tal que, no atual estágio da história, não haveria mais lugar para reproduzir as relações capitalistas e seu modo de produção.

CUBA E HAITI, DUAS REALIDADES HISTÓRICAS DIFERENTES FRENTE A UM MESMO INIMIGO: O IMPERIALISMO

Nas últimas semanas, Haiti e Cuba tem chamado atenção da militância que acompanha a conjuntura internacional.

O comunicado dos Comitês de Defesa da Revolução Cubana – Internacionalista explica como a estratégia imperialista contra Cuba varia suas táticas, investindo agora no financiamento e organização de protestos que usam a difícil situação econômica resultante do criminoso bloqueio comercial, acirrado ainda mais exatamente durante a pandemia. Há 61 anos tentam destruir o exemplo de conquistas populares e solidariedade mundial de Cuba, e falham. Falharão de novo.

Sobre o Haiti, a nota do camarada Leon Cristálli, diretor da Fundação J. Posadas, analisa a disputa de máfias que domina o país e produziu o magnicídio de um presidente que agia como agente do imperialismo, que, por sua vez, mantém o país na condição de colônia que serve de base às mais variadas ações do imperialismo na região.

COMUNICADO DOS CDR-INTERNACIONALISTAS

CUBA NÃO ESTÁ, NUNCA ESTEVE E NUNCA ESTARÁ SOZINHA!

16 de julho de 2021

Saudamos a decisão do governo e do povo cubano na irrestrita DEFESA DE SEU PROCESSO REVOLUCIONÁRIO no rumo da CONSTRUÇÃO DA NOVA SOCIEDADE à qual têm todo o direito.

Apoiamos as declarações dos CDRs cubanos e do governo liderado pelo presidente Miguel Diaz-Canel, na resposta organizativa de massas com o povo nas ruas, e em resposta ao governo dos EUA e seu presidente, Joe Biden, denunciando os bilhões de dólares do povo estadunidense gastos nestes 60 anos pelo imperialismo para destruir Cuba e sua revolução. E sem sucesso!

Desde a Serra Maestra até hoje, desde FIDEL e CHE, Cuba e sua revolução sempre foram um exemplo de nobreza humana e segurança social para o mundo, em todos aspectos de sua vida interna e também na SOLIDARIEDADE INTERNACIONALISTA, que é coluna institucional de sua política humanista e revolucionária. E os povos do mundo são gratos a isso, ao mesmo tempo que, com suas lutas nacionais e regionais, constroem uma fortaleza a mais para que Cuba tenha o direito de construir seu caminho rumo ao Socialismo. Cuba é parte indivisível de todos os povos que lutam pelo progresso como humanidade, com segurança e dignidade.

Manifestação em defesa da soberania de Cuba e pelo fim do bloqueio (17/7) – Portal Cuba Sí.

Nestes 60 anos de bloqueio criminoso, o povo e o governo de Cuba nunca estiveram sozinhos. É falsa a narrativa imperialista de “estado falido”, pelo contrário: acompanhada da solidariedade internacional dos povos e governos progressistas e revolucionários, Cuba é parte de uma única classe social da história que está interconectada pela luta de classes e, ao mesmo tempo, se nutre da fortaleza revolucionária dos povos do mundo na luta por sua independência nacional e socia. Para os povos do mundo, Cuba Socialista é concretamente a imagem e o ideário da conquista humana de uma sociedade superior, em harmonia com a natureza e o cosmos.

Em um mundo globalizado pelo sistema capitalista, pela estrutura produtiva com o desenvolvimento da ciência, da tecnologia e da cibernética, os efeitos do bloqueio são um peso enorme ao desenvolvimento de qualquer país independente. Cuba tem que encarar um desafio duplo: NÃO DAR NEM UM PASSO ATRÁS NAS CONQUISTAS SOCIAIS e enfrentar um bloqueio que impede o atendimento das necessidades próprias de um país em desenvolvimento. E apesar disso, apresenta progressos enormes em saúde, educação etc… e em seu nível de vida em geral, diferentemente da situação no mundo capitalista onde 60% da população é pobre e parte vive na miséria, algo que não se vê em Cuba. Os problemas no desenvolvimento de Cuba não vem de seu sistema político, social e econômico, e sim da permanente agressão do imperialismo e seus lacaios. Até a ONU se pronunciou contra o bloqueio e respaldando Cuba em seu direito de construir seu próprio caminho.

Por isso, nesta luta em que “não é possível estabelecer socialismo em apenas um país”, o imperialismo utiliza essa conjuntura e bloqueia, organiza por todos os medios, interna e mundialmente, esta campanha contra o povo e o governo de Cuba. Mas vem tentando desde a invasão da “Baía dos Porcos” (1961) e tem fracassado sempre. E será derrotado de novo pelo povo e pelo governo, pelos CDRs, pela CTC, e pelo Partido Comunista de Cuba.

COM A GUARDA EM ALTO! NEM UM PASSO ATRÁS! Como há 31 anos dissemos, ao constituir os Comitês de Defesa da Revolução Cubana Internacionalistas, (CDR-I): CUBA NÃO ESTÁ, NUNCA ESTEVE E NUNCA ESTARÁ SOZINHA!

Comitês de Defesa da Revolução Cubana-Internacionalista

Matheu 76 (1082) CABA. Argentina.
Guayabos 1631, Montevideo, Uruguai
Charrúas 933 A º 1, Paysandú, Uruguai
luchaobrera_ch@hotmail.com – Chile
cdribrasil@uol.com.br – Brasil

Aderem:
Fundacion.j.posadas@gmail.com
Buro Latinoamericano de la IV Internacional (Leninista-Trotskista-Posadista)

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O presidente de Cuba, Miguel Díaz Canel, respondeu a seu par estadunidense, Joe Biden, que criticou o governo da ilha e respaldou os protestos de 11 e 12 de julho organizadas por meio de campanhas em redes sociais. “Os Estados Unidos fracassaram na esforço de destruir Cuba apesar de que, para isso, tenham gasto bilhões de dólares”, denunciou o mandatário cubano.

https://twitter.com/DiazCanelB/status/1415997599480483840

Logo depois de protestos domingo e segunda em 40 cidades, com gritos de “temos fome”, “abaixo a ditadura” e “liberdade”, Biden se ofereceu, na quinta, para ajudar Cuba, mas se refiriu a ilha como “um estado falido que reprime seus cidadãos”.

A resposta de Havana não demorou. “Um Estado falido é aquele que, para agradar a uma minoria reacionária e chantagista, é capaz de multiplicar o dano a 11 milhoes de seres humanos ignorando a vontade da maioria dos cubanos, estadunidenses y a comunidade internacional”, disse o presidente de Cuba no Twitter.

https://twitter.com/DiazCanelB/status/1415997592073347072

Díaz Canel sustentou que se o presidente estadunidense quer ajudar de fato a ilha, seu governo deveria acabar com o bloqueio econômico imposto desde 1962, e reforçado durante o mandato de Donald Trump (2017-2021).

https://twitter.com/DiazCanelB/status/1415997590236241922

Em uma conferencia de imprensa, Biden disse estar disposto a enviar “quantidades significativas” de vacinas anticovid à ilha caribenha, que passa por um forte aumento de contágios de coronavírus, e desenvolve suas próprias vacinas em meio a crise econômica.

https://twitter.com/DiazCanelB/status/1415997594745049088

Se Biden “tivesse sincera preocupação humanitária pelo povo cubano, poderia revogar as 243 medidas aplicadas pelo presidente Donald Trump”, afirmou Díaz-Canel, que ressaltou as “mais de 50 sanções impostas cruelmente durante a própria pandemia, como primeiro passo para acabar com o bloqueio”.

Cuba é e seguirá sendo um país de paz. Para defender a tranquilidade de nossas ruas seguiremos empenhando todos os esforços. Em meio a estes dias difíceis, conclamo a unidade de nosso povo e de todas as famílias, onde quer que estejam”, concluiu.

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ASSASSINATO DO PRESIDENTE DO HAITI:
DISPUTA DE MÁFIAS EM UM PAÍS DOMINADO PELO IMPERIALISMO

9 de julho

No Haiti, CONDEAMOS A INTERVENÇÃO IMPERIALISTA de vários países, desde a França, Espanha, Alemanha, até chegar aos EUA, principalmente. Por isso NÃO denunciamos nem saímos em defesa da suposta DEMOCRACIA, NA VERDADE, INEXISTENTE no Haiti, nem denunciamos esse assassinato, QUE TEM A VER COM AJUSTE DE CONTAS ENTRE AS MÁFIAS QUE TOMARAM CONTA DO HAITI há anos. O presidente assassinado era representante do FMI, do imperialismo, estava apoiando o bloqueio contra Cuba e inclusive conclamou a invasão da Venezuela.

O Haiti é utilizado pelos navios de luxo gringos e transnacionais como porto de “turismo VIP”, formando uma “bolha” onde não falta água, luz, alimentos, condições de vida em geral, e que não tem nada a ver com o resto do país. E isso fica claro quando acontece algum terremoto: o país sofre, mas as embarcações de luxo continuam aportando normalmente.

Ou seja, não se aproveita nada da função política deste personagem assassinado. Agora, claro que outra coisa é o povo haitiano, que vive em uma miséria generalizada, em uma região onde a poluição e a desertificação enormes são resultado estrutural do sistema político e econômico atual supervisionado pelo FMI. Sob esse domínio, é um país que cumpre função contra outros povos, pela forma como se posiciona nas votação da OEA, e por servir de base para outras ações, inclusive como porta-aviões para o narcotráfico, uma rota denunciada e documentada de entrada de drogas nos EUA. Todas essas ações tem laços com uma mesma estrutura política.

A saída do ditador Fraçois Duvaliers, um assassino que atuava com seus “Tonton Macutes”, foi uma influência da vitória da Revolução Cubana na área haitiana da ilha (que também abriga a República Dominicana). Naquele então, o povo haitiano conseguiu recuperar parcialmente e por um curto tempo certo poder de decisão sobre seu futuro, com o governo de Jean-Beltrán Aristides. Mas a raiz do processo do Haiti não está no século XIX, e sim na falta de um desenvolvimento capitalista burguês como acontecia em vários países da América Latina. A dominação europeia e depois ianque barrou qualquer desenvolvimento nesse sentido e condenou o Haiti a ser um país de extrema periferia do sistema. Na realidade, a ilha nunca deveria ter sido dividida em dois países. A SAÍDA POR CIMA É UMA NAÇÃO SÓ COM HAITI E REPÚBLICA DOMINICANA, de forma estrutural, nacional, popular e socialista. O resto são disputas entre máfias e interesses menores em relação às necessidades do povo sacrificado, deixado de lado como uma colônia de fato e um país que as forças militares estrangeiras ocupam em nome de uma “pseudo-democracia” e acaba ocorrendo violências terríveis, estupros etc… um país que está entre os mais pobres do mundo e que tem tudo para não estar nessa condição.

León Cristálli, diretor da Fundação J.Posadas

PERU: GARANTIR A VITÓRIA ELEITORAL COM ALIANÇA ENTRE POVO E FORÇAS ARMADAS

O comunicado do Ministério da Defesa do Peru, de horas atrás, deixa clara a vontade das Forças Armadas de respeitar a vontade popular. Diz, textualmente:
“A Constituição estabelece que a finalidade primordial das FFAA é garantir a independência, a soberania e a integridade territorial da República. Não é um órgão deliberativo e está subordinado ao poder constitucional. Portanto, qualquer conclamação a ultrapassar esta função é impróprio de uma democracia. O Ministério da Defesa e as instituições armadas reiteram seu compromisso com a Constituição, a democracia e o princípio da neutralidade assumido pelo Governo de Transição e Emergência. Mais, reafirmamos o compromisso de respeitar a decisão cidadã expressada nas urnas no dia 6 de junho”.

Em 5 de junho, um dia antes das eleições, analisamos que a candidatura de Pedro Castillo e sua frente eleitoral EL LAPIZ estava retomando em forma socialmente objetiva a ação do nacionalismo revolucionário antimperialista, de 53 anos atrás, quando o general Velazco Alvarado abriu caminho para uma política objetiva em que parte das FFAA se uniu ao povo, no calor do progresso de Cuba e dos Estados Operários e da URSS de então. Este processo se reanima hoje, por enquanto sem a aliança “Povo-Forças Armadas”, mas que precisará ser construída para se estabilizar, como ocorreu em 1968.

O comunicado do Ministério da Defesa do Peru expressa essa necessidade. É um incipiente começo de reestruturação desta aliança “Povo-FFAA”, necessária para garantir o triunfo eleitoral, dar forma ao programa do candidato do partido Peru Livre e fazer valer a vontade popular. E essa vontade popular não deve ser considerada apenas nos limites eleitorais, porque abrange o profundo significado sociocultural, político e revolucionário, que é elo e luta por uma nova sociedade, sem exploradores nem explorados.

 Comunicado do Ministério da Defesa do Peru.

Apesar de toda a campanha macabra e terrorista da Direita e de parte do Centro contra Pedro Castillo, a esta hora (9h do horário de Lima, quarta-feira, 9 de junho de 2021) tudo indica que o companheiro PEDRO CASTILHO já está A CAMINHO DE SER NOMEADO PRESIDENTE.

Nós reiteramos nossas análises políticas do processo histórico do Peru, divulgadas em nossas publicações, principalmente no jornal Frente Obrero, do Uruguai: está voltando a acontecer uma SIMBIOSE ENTRE OS INTERESSES DO POVO TRABALHADOR, camponeses, operários, mineiros, servidores públicos, classe média, pequenos e médios empresários, E AS FORÇAS ARMADAS PERUANAS, que estão indissociavelmente fundidas ao ESTADO NACIONAL, que é de onde vivem em todos os sentidos: orgânicos, econômicos e sociais. No desenvolvimento deste processo simbiótico se uniriam ambos setores na defesa mútua de interesses comuns, mesmo que as FFAA ainda pudessem ser usadas pelo sistema como ferramenta de repressão social e política.

Por isso sempre fizemos questão de diferenciar os papeis POLICIAL e MILITAR de forma muito clara na etapa em que o sistema se desintegra. E como J.Posadas analisou, o papel do militar nacionalista, das FFAA de cada país deixa de ser funcional ao sistema, porque o imperialismo tenta submete-las no que diz respeito à sua função. J.Posadas analisou que o sistema liquidaria os exércitos e construiria forças policiais militarizadas (milícias) à serviço do centro imperialista, e que esse seria a rota mesmo do sistema capitalista hegemônico no Ocidente do mundo, mas não na URSS, China e Estados Operários. Porém, o desenvolvimento deste processo hoje NÃO ACONTECE ASSIM, porque o sistema imperialista perdeu essa hegemonia inclusive entre as burguesias nacionais ou que tentam estabelecer alguma independência em relação ao poder imperialista central.

Então, há uma CONDIÇÃO NOVA NA HISTÓRIA, QUE DEVEMOS TER CLARO, como temos analisado para o Brasil, e bem antes para a Venezuela, com Hugo Chávez.

O desenvolvimento deste processo acontece em tempos e espaços atuais, mas as condições da luta de classes de 50 anos atrás não desapareceram, porque segue vigente a necessidade do progresso social da humanidade. Assim, ele vai buscando, construindo, NOVAS FORMAS DE DESENVOLVIMENTO DO CURSO DE CONSTRUÇÃO SOCIALISTA DA HUMANIDADE.

Nosso papel é entender esse processo para APLICAR UMA POLÍTICA ATUAL PARA ELE. Uma política que não é a mesma da época de Velazco Alvarado, ou Allende e general Pratt, no Chile, ou de J.J. Torres, na Bolívia, etc., mas que tem uma MESMA RAIZ.

Nós insistimos que no Peru se abriria um processo de progresso que o pinochetismo, no Chile, sabia que tinha anulado ou liquidado como perspectiva de governo. Um processo que, no Peru, volta a expressar em TEMPOS E ESPAÇOS ATUAIS A ESSÊNCIA DA REVOLUÇÃO MILITAR NACIONALISTA ANTIMPERIAILSTA E DE ESQUERDA, DE 3 DE OUTUBRO DE 1968, COM O GENERAL VELASCO ALVARADO E TODA UMA EQUIPE DE MILITARES.

General Velazco Alvarado com Fidel Castro, em visita oficial deste ao Peru.

A isso se deve o fato de as FFAA peruanas não terem se posicionado a favor da assassina Keiko Fujimori. Por trás da neutralidade se camufla o mais importante: uma FORMA CONCRETA DE SE POSICIONAR A FAVOR DO POVO.

Algo que analisamos com um manifesto do partido publicado no jornal Voz Obrera, do Peru, pouco mais de um mês antes deste levante e revolução militar de 3/10/68.

Assim como no Chile as massas não vão sair com a foto de Allende nas ruas, também no Peru não vão carregar estandartes de Velazco Alvarado (ainda que não descartemos essa hipótese), mas o fato é que estas experiências estão na raiz do desenvolvimento atual do processo, que eles forjaram previamente e dos quais foram um eixo do progresso da história.

09 de junho de 2021

Pelo Burô Latinoamericano da IV Internacional (leninista-trotskista-posadista), León Cristálli.

A JORNADA DE 8 HORAS, A LUTA SOCIAL E A NOVA REALIDADE QUE SE ESTENDE PELO MUNDO

CARTA ABERTA AO 1º DE MAIO DE 2021:

Recordamos combativamente aquele Primeiro de Maio de 135 anos atrás, em 1886, nos EUA, na cidade industrial de Chicago, quando o proletariado industrial, na aurora de uma função que Marx e Engels definiram como fundamental para o futuro da humanidade, da vida, lutavam para conquistar a jornada de 8 horas e superar a “nova escravidão” que o capitalismo impunha como meio de vida na já estabelecida revolução industrial, por meio da qual o ele havia derrotado o feudalismo em termos de produtividade, mas queria manter sua escravidão trabalhista como meio de exploração da FORÇA DE TRABALHO. O capitalismo abria uma nova era de produtividade, mas se mantinham a raiz e a razão de classe exploradora.

Contra isso, por jornada de trabalho de 8 horas e melhorias de condição de trabalho, levantaram-se centenas de milhares de operários fabris, principalmente em Chicago, que protestaram em manifestação de mais de 200 mil pessoas exigindo poder estruturalmente viver melhor e trabalhar em condições dignas. Isso custaria a prisão e a vida de Samuel Fielden, Oscar Neebe, Michael Schwab, George Engel, Adolph Fischer, Albert Parsons, August Spies e Louis Linggielden.

O processo histórico não é determinado pelo poder do sistema de produção vigente, e sim pelo caráter desigual e combinado de seu desenvolvimento, tal como se dá na luta de classes expressada e concentrada na consciência social da classe trabalhadora, a classe que produz, e cuja força de trabalho é o único fator real em base ao qual o ser humano avançou na história desde os tempos da tribo.

O COVID-19, A CRISE MUNDIAL E O RAIAR DE UMA NOVA ERA EM CONSTRUÇÃO NA HUMANIDADE

Nos últimos 135 anos aconteceram revoluções que, em sua estrutura, mantiveram no tempo e no espaço social a intenção humana dos “MÁRTIRES DE CHICAGO”. Eles, com sua luta de classe explorada, deram sentido e projeção a tudo o que diz respeito à vida e à sociedade no campo da ciência, da cultura, da economia, do esporte etc… Está incluído aí o direito ao chamado “ócio” social e individual, que permita ao ser humano não só sobreviver como produtor de bens e serviços, mas também “dar sentido à vida” (J.Posadas 1912/81), como parte da continuidade construtora da natureza no tão empírico quanto dialético curso da evolução da matéria.

O século XXI começou com os ecos da algazarra dos que esperavam “o fim das ideologias e da História” e anunciavam uma reprodução permanente da sociedade baseada na exploração do ser humano e do poder do capitalismo em sua fase financeira imperialista mundial. Não só não foi assim como, pelo contrário, o curso materialista dialético da história derrubou essa ilusão débil da atual base estrutural do sistema. Essa base que, há 135 anos, deu ao proletariado nos EUA a força social para iniciar uma nova etapa das relações entre capital e trabalho. Um processo ainda não concluído, com custo de muitos sacrifícios individuais, mas também muitos TRIUNFOS SOCIAIS DA HUMANIDADE, QUE ESTÁ SE RECONSTRUINDO DE BAIXO, saindo da crise de um SISTEMA HISTORICAMENTE ESGOTADO.

Há 30 anos, os incautos proclamavam o desaparecimento do primeiro Estado Operário Soviético da história, diziam que a URSS e o campo socialista tinham sido derrotados pelo capitalismo e sua suposta superioridade produtiva por conta dos fatores tecnológico, cibernético, informático etc…  as “evidências” em que se baseavam para essa ideia era, em nossa opinião, apenas “um desvio transitório” (LC 1990) de um curso estrutural que precisa se expressar de alguma forma para superar o que impedia o progresso: a burocracia soviética, espelho da meritocracia no capitalismo. Essa burocracia, já sem poder político para afirmar as mudanças revolucionárias na URSS, já era superada pelas contradições de um passado que se estabeleceu pela ausência do que foi o motor inicial da revolução: os Sovietes e os Partido Bolchevique. Seguia latente sua necessidade objetiva como motor do progresso do povo soviético, que já tinha demonstrado sua predisposição humana na vida, na ciência, conquistando o cosmos com Yuri Gagarin, e também na luta social, DERROTANDO O NAZISMO e sendo um exemplo para os povos do mundo. Coisa que hoje é ratificada pela atual Rússia de base social e científica soviética, com a ajuda à humanidade e à vida com sua vacina Sputnik V. 

Entre o Covid-19, ou o “vírus que mostrou o tamanho da crise mundial do sistema capitalista”, como a IV Internacional (Leninista-Trotskista-Posadista) definiu desde fevereiro de 2020, e a luta dos Mártires de Chicago há uma sólida união estrutural na história. O impulso que vinha da Comuna de Paris não se deteve em sua derrota, em 1871, se projetou adiante no que tange à própria vida, seus direitos e necessidades. E daí em diante, a revolução mexicana de 1910, e a Soviética, de 1917, na Rússia, inclusive as guerras interimperialistas, por meio das quais as burguesias disputam entre si o poder e o controle da economia, não só não paralisaram os ideais pelos quais os “Mártires de Chicago” deram até a vida, como na verdade os potencializaram. Mesmo sem a continuidade no tempo daquilo que Marx e Engels definiram como necessidade imprescindível do progresso social, que era a Internacional Comunista, representando a luta mundial dos trabalhadores frente ao poder do sistema capitalista.

No transcorrer deste curso aparece o Covid-19, esse vírus que vira de pernas pro ar o sistema mundial capitalista, desarticulando seu âmago: o funcionamento produtivo baseado na exploração da força de trabalho. Sim, o mesmo âmbito pelo qual os Mártires de Chicago lutaram em 1886. Mas hoje esta luta social acontece sob a contradição mundial da falta daquela “Internacional dos Trabalhadores”, proposta por Marx e Engles, e aplicada por Lênin e Trótski e os bolcheviques na tomada do poder e nas conclamações aos povos do mundo a apoiar o jovem Estado Operário Soviético como primeira experiência mundial de uma NOVA SOCIEDADE.

Agora se discute se o Covid-19 e sua relação antagônica com a vida e a morte não teria nos apresentado uma forma DESIGUAL E COMBINADA desta realidade de crise do capitalismo que vinha se camuflando nos bastidoresde um teatro macabro construído por uma sociedade capitalista imperialista que já estava afundando bem antes da pandemia.

Esse antagonismo com a vida também está presente na chance real de guerras atômicas, e até “neutrônicas”, como se ameaçava desde o governo dos EUA. Hoje não falam mais isso abertamente, mas segue em suas agendas de poder (1). Armas que só destroem a vida e deixam intactas as fábricas, cidades, centros produtivos do sistema, bancos etc… e não permitem a vida, nem animal nem vegetal. E no meio dessa realidade do Século XXI aparece o Covid-19, que expressa uma reação da natureza a um sistema mundial de produção que a oprime e quer destruir sua independência evolutiva natural (2).

Então, em nossa opinião, que expressamos nesta carta aberta ao 1º de Maio de 2021, o curso atual SINCEROU, DESVELOU A ETAPA QUE ESTÁ ABRINDO UMA NOVA ERA EM CONSTRUÇÃO DA HUMANIDADE. Uma nova condição de vida que, obviamente, não elimina “automaticamente” o sistema capitalista, mas mostra à humanidade e sua consciência histórica a verdade nua e crua sobre o capitalismo e sua forma de agir para barrar o verdadeiro progresso social da humanidade, e que evidentemente não tem nada a ver com daquilo que os adaptados ao sistema diziam sobre a suposta “superação histórica do socialismo” e “o triunfo da tecnologia frente à luta de classes”.

O coronavírus mata quando o corpo humano está debilitado, quando falta harmonia interna por conta da desarmonia de um sistema explorador que divide o ser humano. O covid-19 não tem consciência, mas tem vida e busca se perpetuar, e aí está matando milhões no mundo. Mas, por outro lado, na ótica científica, sanitária, de vida mesmo, escancarou o que é o capitalismocomo sistema que exauriu seu princípio revolucionário na produção concentrada nas indústrias no século XIX e contra o que se levantou o proletariado dos EUA e do mundo. A pandemia escancarouo que este sistema faz em sua etapa final imperialista, quando perdeu a hegemonia social, como analisou previamente Antonio Gramsci. Uma crise mundial em que o sistema capitalista transfere seu eixo da POLÍTICA E DA DIREÇÃO DO MERCADO, como um Deus pagão, e tem que recuar “com o rabo entre as pernas” em relação a seu Deus mercado e aos “direitos individuais” que sempre defende estarem acima dos direitos coletivos, algo apoiado por uma base social, uma pequena parte da humanidade que, por enquanto, controla as engrenagens do poder econômico. Que o diga Ângela Merkel que, para defender a vida frente à pandemia, TEM QUE RECORRER A UMA OBJETIVIDADE QUE NÃO VEM DE SUA IDEOLOGIA POLÍTICA, MAS SIM DA SOBREVIVÊNCIA COMO ESPÉCIE.

O PAPEL DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO E EDUCAÇÃO NO DIREITO DE PROPRIEDADE E À VIDA

Esta etapa parece contraditória, mas é na forma, porque em sua estrutura revolucionária ela é antagônica à continuidade de um sistema social, o capitalismo, que esgotou seu desenvolvimento e se atola em suas enormes contradições internas e externas. Uma delas, eixo de sua política mundial, é a de sustentar a atual cultura alienante que se fixa como o direito à propriedade acima do direito à vida. Os meios de comunicação desempenham um papel nefasto para induzir, e parcialmente com sucesso, uma submissão social à alienação cultural, não só distorcendo, mas também criando uma realidade totalmente fictícia que se apoia em manter a ignorância social em relação aos verdadeiros problemas que estão ameaçando a humanidade como espécie. O sistema e seus meios imperialistas controlam, centralizam e dirigem a informação para criar uma realidade “virtual” em que os valores da vida, da natureza e da razão social do ser humano são decapitados pelas “fake news”, que funciona como o Grande Poder mundial do sistema e sua sociedade, tirando ou botando governos por meio de mentiras transformadas socialmente em realidade ativa e material na sociedade.

De outra forma, foi isso que fizeram há 135 anos contra os Mártires de Chicago, condenados pelo capitalismo à morte por lutar por melhores condições de trabalho. Uma coisa que hoje se estende pelo mundo na luta dos povos que o capitalismo imperialista deixou de fora da fila da vacina, essencial para a vida “pós-Covid-19”.

SINCERAMENTO SOCIAL MUNDIAL DAS RELAÇÕES DE CLASSE QUE VEM SENDO GESTADO HÁ 135 ANOS

Então, recordamos os Mártires de Chicago, hoje VIVOS porque sua luta está presente no que se apresenta em todo planeta como boa nova social na construção de uma NOVA SOCIEDADE na consciência de bilhões de seres humanos que, sem diferença de etnia, crença, gênero etc…, avançam em seu pensamento de que É PRECISO SAIR POR CIMA E PARA FRENTE desta crise atual que não é só a crise de um “vírus que virou o capitalismo de pernas pro ar”, como muito bem definiu Axel Kicillof, governador do poderoso estado de Buenos Aires, na Argentina, mas também uma crise de desmascaramento do capitalismo. Esta condição única em TEMPO E ESPAÇO DO SINCERAMENTO DO CURSO HISTÓRICO expõe o sistema, não só suas contradições, mas também seu ANTAGONISMO HISTÓRICO CONTRA A PRÓPRIA VIDA da humanidade e da natureza. Mostra disso se viu claramente quando se paralisou a produção industrial em 2020 no mundo e ressurgiu o melhor da nossa relação com outras espécies e a natureza, mostrando que a superprodução de fato não é necessária para a vida, só serve ao sistema capitalista, com a produção cega de mercadorias, até o limite da explosão de sua própria crise.

Como já escrevemos em manifestos de 1º de Maio desde 1988, o sistema capitalista vive a etapa da MAIS VALIA CONCENTRADA, porque utiliza a tecnologia de produção para gerar bens, mas não consegue superar as diferenças de classes e, por consequência, a luta de classes. Hoje se vê isso claramente na GUERRA MUNDIAL POR VACINAS e na acumulação criminosa da grande burguesia por meio de alguns poucos governos que querem, com isso, escravizar os povos, porque acesso à vacina é sinônimo de direito à vida. E isso também desnuda o papel do individualismo feroz, aliado insubstituível do atraso cultural para impedir o pensamento científico e solidário.

NÃO HÁ SOCIALISMO SEM ETAPA DE TRANSIÇÃO

Os Mártires de Chicago e os povos que, nestes 135 anos, fizeram milhares de lutas sociais, revoluções interrompidas e progressos na consciência social da humanidade, são o fio condutor de um processo que não vai ser parado, sejam quais forem as condições de estabilização e até superação da pandemia com as vacinas. E a vacina é criação da inteligência aplicada à ciência, em relação às quais o sistema imperialista não tem nada a ver, tanto que segue considerando as VACINAS COMO MERCADORIA, E NÃO COMO BEM DE INTERESSE SOCIAL.

Trótsky revisa jornal sobre o Congresso de Fundação da IV Internacional

Mas os governos capitalistas do mundo, sua sociedade e essa pequena parte dela em que se apóiam não podem produzir o que a humanidade precisa para superar a pandemia e sair por cima rumo a uma nova sociedade, e não por baixo, com o tal “novo normal” rebaixado. Não podem reconstituir o sistema capitalista, porque ele mostra seu fracasso histórico no fato de que, há 135 anos da luta pela jornada de 8 horas, o sistema pode até ter conseguido diminuir a quantidade de trabalho humano necessário, por conta do desenvolvimento tecnológico, mas não pode eliminar sua necessidade, porque negaria a si mesmo como sistema baseado na exploração da força de trabalho do ser humano, única fonte de Mais-Valia. Era assim naquela etapa da luta pela jornada de 8 horas, há 135 anos, e segue sendo hoje, quando não se luta só pelas horas de trabalho, mas pela própria existência, porque o capitalismo não consegue criar uma sociedade igualitária e distributiva, e sim concentradora do poder em todas suas expressões. E aí lembramos do Programa de Transição (4), de León Trótsky, com a reivindicação de redução e distribuição das horas de trabalho sem redução salarial, entre outros pontos totalmente vigentes hoje.

Em síntese, nessa carta aberta ao Primero de Maio de 2021, defendemos a ideia de que a história entrou em uma nova etapa que significa mudanças profundas nas relações sociais, abrindo caminho a uma NOVA ERA EM CONSTRUÇÃO, UMA NOVA ERA DA HUMANIDADE, do poder político, econômico e da organização social. Essa construção não será linear nem sem contradições. O sinceramento do curso exige sem dúvida a superação de muitas condições que até ontem eram, como há 135 anos, parte de uma luta de muito fôlego social, mas que agora se concentraram mais, devido a essa “NOVA REALIDADE” (como disse Tabaré Vazquez, 1949-2020, ex-presidente do Uruguai) que expôs para todo o mundo não só os golpes das contaminações e mortes de milhões de seres humanos, mas principalmente a assimetria entre os atuais dirigentes, em todos seus níveis. Essa “Nova Realidade” também expôs para o mundo todo o que é exigido pelo curso da história para seu desenvolvimento e evolução harmônicos.

Nisso tudo tem influência o papel da Rússia de base social soviética, seu dirigente Vladimir Putin, sua equipe e o Exército Vermelho, a República Popular da China, um Estado Operário sui géneris, sua direção, com Xi Jinping, o Partido Comunista e as Forças Armadas chinesas, e também Cuba e Venezuela, junto com os processos das revoluções nacionalistas antimperialistas, governos nacionais, populares, como do México, Argentina, Bolívia, e inclusive o processo político-social no Brasil, onde Lula avança rumo a uma nova Frente Única Social, driblando as armadilhas que a burguesia, tão necessitada de Lula para frear a hecatombe de um Bolsonaro “inimigo público da humanidade”, montou para ele ao mesmo tempo que o liberta e devolve sua elegibilidade.

Foto: Ricardo Stuckert

Tudo isso se apoia em um eixo fundamental nesta nova etapa do desenvolvimento da história: O DESENVOLVIMENTO DE UMA NOVA SOLIDARIEDADE DE CLASSE, advindo da história, dos Mártires de Chicago, das revoluções do México, da Rússia, da China etc… da luta dos povos que nunca baixaram a guarda. Isso é a SOLIDARIEDADE SOCIAL, SOCIALISTA, que avança e amadurece no melhor da humanidade, que este coronavírus está colocando à prova, por cima de qualquer direção social ou orientação do poder de um capitalismo abatido, ainda que alguns relutem em ver isso.

Nós, nessa reafirmação de ideias da IV Internacional (Leninista-Trotskista-Posadista), salientamos a necessidade imperiosa de desenvolver A NOVA SOLIDARIEDADE DO GÊNERO HUMANO, e acreditamos seriamente que ela está à caminho. É preciso romper toda forma de individualismo feroz que é como até agora se sustenta em uma pequena parte da humanidade o sistema de opressão e exploração do ser humano por outro. A Solidariedade Social e Socialista vai se desenvolver como céu que abriga a todos, independentemente de etnia, crenças etc… A SOLIDARIEDADE DEVE SER CONSTRUÍDA TENDO POR BASE A ORGANIZAÇÃO SOCIAL. E essa organização não é só os sindicatos, partidos os movimentos sociais, mas também a razão objetiva que significa ELEVAR A VIDA CULTURAL REVOLUCIONÁRIA. Por isso o que está colocado é SAIR POR CIMA DESTA CRISE mundial. A pandemia é consequência lógica da desarmonia do sistema e sua sociedade, e por isso implica a tarefa da APRENDER DURANTE O PRÓPRIO DESENVOLVIMENTO DO CURSO, ou, como dizia J.Posadas, “tecer o pulôver vestido”, porque vivemos a etapa da história em que a humanidade deve “se colocar de acordo com si mesma”.

Há 135 anos da luta do proletariado estadunidense em nome de toda a humanidade, recordamos deles vivos na consciência socialista, solidária da humanidade. O que temos que fazer é DAR CONTINUIDADE A ELA NOS TEMPOS E ESPAÇOS NOVOS EM QUE O CURSO DA HISTÓRIA SE SINCERA HOJE.

Não tem possibilidade de “meio-termo” no avanço deste curso. E não porque nós estamos dizendo, MAS PORQUE A NATUREZA ESTÁ OBRIGANDO A HUMANIDADE A GANHAR TEMPO E PEGAR O IMPULSO DIALÉTICO NECESSÁRIO PARA AVANÇAR AO FUTURO, VOLTANDO À ORIGEM.

Viva os Mártires de Chicago, com sua LUTA SOCIAL DE CLASSE!
Viva os povos do mundo que assumem a responsabilidade de defender a vida!
Viva a ciência da URSS, representada no instituto Gamaleya, da China e Cuba!
VIVA A SOLIDARIEDADE NA NOVA ETAPA DA HUMANIDADE

15 de abril de 2021
Pelo Burô Latinoamericano da IV Internacional (leninista-trotskista-posadista), León Cristálli.

Notas:
1) “A bomba de nêutrons, arma de essência social contrarevolucionária” J. Posadas. 28/8/77. Ediciones Ciencia, Cultura y Política
.2)“O Covid-19, a desintegração do sistema capitalista e a necessidade do socialismo” – León Cristalli, 3 de fevereiro de 2019. Publicado no jornal Frente Obrero, do POR (Uruguai), e no jornal Voz Proletária (ed 1630), do POR (Argentina).
3)“Sair por cima”: expressão utilizada por León Cristalli no texto “Sobre a sociedade igualitária e a nova ordem mundial em construção”, publicada nos jornais Frente Obrero e Voz Proletaria (ed 1630).
4) Programa de Transição – título original “A agonia do capitalismo e as tarefas da IV Internacional” – é um programa de ação aprovado no Congresso de fundação da IV Internacional, em setembro de 1938, e elaborado centralmente por León Trótsky.

BRASIL: LULA É O PROGRESSO SOCIAL, BOLSONARO É UM INIMIGO DA HUMANIDADE

A decisão da Justiça brasileira de ANULAR TODAS AS CONDENAÇÕES contra Luiz Inácio Lula da Silva é um triunfo da humanidade. Abre uma brilhante perspectiva para o Brasil, independentemente de se consolidar de fato a recuperação dos direitos eleitorais de Lula, de ser votado e eleito. Expressa também, na outra ponta desse novelo de espinho a que Lula foi submetido por essa trama internacional de “law fare”, que a República Federativa do Brasil chegou em um ponto de inflexão governamental e constitucional do qual retorno.

Não é uma questão jurídica, é uma bomba jurídica que, tentando expiar a podridão do funcionamento judicial nesta crise, extravasa seus limites e abarca todo o curso social, político, econômico e militar do País. Ou seja, não é uma mera retificação judicial, qualquer que seja o instituto constitucional utilizado para corrigir essa situação, que sempre foi de uma natureza tão absurda quanto criminosa, que não tinha como se manter no tempo, ainda mais em tempos de decomposição política e social do “bolsonarismo” como governo.

Uma situação que levou o país ao desastre sanitário atual e à caracterização do governo como “Inimigo da Humanidade”. Não se pode separar a recuperação dos direitos políticos do companheiro Lula desta crise do sistema, que tenta, com Bolsonaro, implementar a “saída por baixo” da pandemia, que o imperialismo tenta impor em todo o mundo. Isso tudo começou com a exclusão de Lula das eleições de 2018, no tapetão, via perseguição judicial (“lawfare”), e agora chegou a um ponto em que nem os altos setores econômicos e políticos do capitalismo, da potente burguesia brasileira, conseguem mais suportar em seu funcionamento por mais tempo, com as ações de Bolsonaro na linha de “ditadura legal”, por ter sido eleito, mas em eleições viciadas pelas condições em que se realizaram. Essa bomba relógio agora estoura nas mãos de seus criadores, poderosos na forma, mas em processo de decomposição interna.

O CUSTO DO FRACASSO DO “BOLSONARISMO”NO BRASIL:
EXEMPLO PARA A AMÉRICA LATINA E PARA O MUNDO

No Brasil, se abriu o curso do fim de Bolsonaro, e por condições muito particulares e peculiares: não diretamente pela luta de classes em suas formas clássicas, com mobilização social dos trabalhadores, camponeses, da classe média, com a ação política etc, e sim pela NECESSIDADE DE 80% DA SOCIEDADE DE SE LIVRAR DESSE GOVERNO. É isso que está na origem da decisão judicial de anular as injustas condenações e acusações contra Lula. É uma resposta a Bolsonaro, uma figura que representa o mais baixo da corrupção política e econômica do sistema e sua sociedade, e que entrará para a história como um espasmo convulsionado do curso do sistema, porque sua atuação passou da condição de contraditória a ser até mesmo uma AMEAÇA À PRÓPRIA VIDA NO PAÍS, NA REGIÃO E NO MUNDO. Ele questiona o próprio sistema que diz defender, com sua linha neoliberal combinada com um atrasado populismo de retórica pseudoreligiosa, que se estabeleceu, dentre outros motivos, pelos erros e enormes contradições que deixamos desde a última etapa dos governos do PT.

E aí está o papel político e social do companheiro Luiz Inácio Lula da Silva, que não é só para o Brasil, mas para toda América Latina, desde o México até a Argentina, cumprindo a função de eixo sobre o qual vai se desenvolver toda a etapa em que o curso histórico do país vai entrar. O “bolsonarismo” conseguiu sequestrar o governo, achamos que não em representação dos interesses nacionalistas das Forças Armadas – só de um setor do alto oficialato e outra parte muito atrasada –, e sim da oligarquia latifundiária e da burguesia subserviente às transnacionais imperialistas, e de grupos religiosos empresariais estruturados a partir do império do norte e como parte da corrupção do aparato do estado. Daí também que surge o ex-juiz Sérgio Moro e outros personagens, em uma etapa de definições do último governo do PT, que precisava ser encaradas e resolvidas no sentido de, mesmo ainda dentro do atual sistema, avançar rumo à nova sociedade em construção. E isso não se conseguiu fazer.

Hoje, no Brasil, a tarefa política central é a organização de uma grande FRENTE ÚNICA que inclua todas as correntes representativas do povo e da sociedade, desde setores da intelectualidade, do esporte, da cultura, do nacionalismo antimperialista, que inclui parcelas dos militares, etc… até os sindicatos, os movimentos camponeses, como MST e outros, tendo o PT o papel central de nucleador desse processo. Isso estava em pauta já há 4 anos, mas os responsáveis não conseguiram dar forma e organização. AGORA TEM QUE SER FEITO.

A DEVOLUÇÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS DE LULA É UM TRIUNFO DA HUMANIDADE

Há um curso político, que inclui a necessidade de COLOCAR ORDEM POLÍTICA, SOCIAL E ECONÔMICA NO BRASIL, e isso é o que deu base, de fundo, a esta decisão judicial que liquida a sinistra etapa atual, um progresso que não poderia acontecer sem o acordo ou apoio, explícito ou não, de 80% da população, que inclui gente dos estratos de renda alta, média e baixa, que sentem que o “bolsonarismo” é o oposto de qualquer possibilidade de progresso do Brasil. Mas o ponto central deste curso é que EXISTE UM FIEL DA BALANÇA SOCIAL, com autoridade política e social, que é Luiz Inácio Lula da Silva, que, com honra e segurança social de sua origem proletária, mostrou capacidade de concentrar o curso para TIRAR O BRASIL DO BURACO ATUAL, e de comandar uma SAÍDA POR CIMA da atual decomposição e deserção verborrágica de insultos e grosserias com que se move o governante que põe o Brasil de costas para o povo e até mesmo para o sistema capitalista mundial, devido à sua imbecilidade política de não conseguir lidar com uma pandemia que está afogando em esterco o seu governo inimigo da vida. Por isso, até na ONU se erguem vozes discutindo o “perigo para a humanidade” representado por um governo brasileiro desequilibrado com centenas de milhares de mortos, e que ainda vai piorar se não MUDAR RADICALMENTE A POLÍTICA SANITÁRIA. E essa luta contra a pandemia é parte do processo revolucionário do Brasil e da região. Aí é onde a HUMANIDADE DEVE INTERVIR SOCIALMENTE PARA AJUDAR O POVO BRASILEIRO NA LUTA CONTRA ESTE VERDADEIRO CRIME SOCIAL DO “BOLSONARISMO”.

Por isso defendemos o “Fora Bolsonaro”, o impeachment pela via do parlamento, que já o fez, mas clandestina e ilegalmente, em armação criminosa e inconstitucional, com a ex-presidenta Dilma Rousseff, em base também ao “lawfare” midiático, em um verdadeiro “golpe de estado legalizado”.

Agora, ganhar tempo e salvar vidas é organizar um REFERENDO para escrever uma NOVA CONSTITUIÇÃO, nacional, popular, democrática. Não só um novo governo com eleições antecipadas, mas mudança das relações constitucionais na política, economia, sociedade e seus direitos. Uma nova República, que expresse o melhor da anterior e a experiência recente acumulada. Política estratégica de aplicação tática por meio da FRENTE ÚNICA sem exclusões.

É ali, em nossa opinião, que o gigantesco PODER UNIFICADOR SOCIAL E ELEITORAL do companheiro Luiz Inácio Lula da Silva vai desenvolver a reconstrução do Brasil, baseado em seus princípios de SOLIDARIEDADE E UNIDADE SOCIAL, no papel da força do trabalho, e avançará na construção de uma Nova Sociedade, não só para superar as mortes por Covid-19 causadas pela paralisia do governo federal, mas também para organizar e estruturar o despertar de um Brasil pleno de forças com a alegria do povo, dos trabalhadores, dos intelectuais, militares, profissionais da cultura, do esporte, superando o “Bolsonaro inimigo da humanidade” com Lula com seus direitos políticos restituídos o quanto antes, rumo ao comando do novo Brasil que surgirá desta crise.

León Cristálli, pelo Burô Latinoamericano da IV Internacional Leninista Trotskista Posadista.
9 de março de 2021.

*Artigo publicado originalmente na edição 1.023, de março/21, do jornal Frente Obrero, do P.O.R. Uruguaio.

109 ANOS DE NASCIMENTO DE J. POSADAS

Hoje, a luta de J. Posadas, como a de milhões de seres humanos por uma nova sociedade, é tão vigente quanto a própria existência humana.

20 de janeiro de 2020
Por León Cristalli

Há 109 anos nascia, em um berço proletário, filho de italian@s operários da indústria de calçados, Homero Rômulo Cristalli Fraznelli, que levou adiante com responsabilidade revolucionária, política, cultura e humana a tarefa gigantesca de desenvolver o marxismo-leninismo-trotskismo como ferramenta do progresso da história. Uma tarefa que não o afastou da vida diária, do cotidiano de sua relação social como membro da classe proletária e sua consequência revolucionária natural, que lhe permitiu fazer o necessário em tudo que diz respeito ao desenvolvimento e aplicação do pensamento marxista revolucionário em países da América Latina e, depois, como membro do Secretariado Internacional (S.I.) da IV Internacional fundada por León Trótski em 1938, ao qual foi designado pelo II Congresso Mundial da IV Internacional, em 1948.

A luta de classes foi o berço de J. Posadas, porque também nasceu acompanhado pela revolução mexicana, a crise inter-imperialista da I Guerra Mundial capitalista e suas consequências com milhões de mortos na Europa. Mas principalmente, se nutriu do que chegava como um furacão do progresso da história, que mudou para sempre as relações de classe e, principalmente, a CONSCIÊNCIA DA HUMANIDADE: a Revolução Russa de 1917. Esta revolução, a mais profunda das revoluções em todos campos da ciência e cultura, superou em anos luz o “Renascimento que trouxe o capitalismo”, era não só necessária como também mostrou CONCRETAMENTE que era POSSÍVEL PARA A HUMANIDADE CONSEGUIR SE RECONSTRUIR E DESENVOLVER NOVAS FORMAS DE RELAÇÕES HUMANAS, BASEADAS NA NOVA SOCIEDADE: O SOCIALISMO.

Assim, a Revolução Russa, seus Sovietes, o Exército Vermelho, o primeiro governo da história dirigido pelo PARTIDO BOLCHEVIQUE, baseado na estrutura militante do proletariado, dos camponeses, intelectuais, soldados e marinheiros, sem distinção de gênero, porque estavam unidos como GÊNERO HUMANO, era o imenso sol que alcançava com sua luz a sociedade, que então vislumbrava, como disse Vladimir Ilich Ulianov Lênin, “o farol que iluminava o mundo”.

Então, J. Posadas não é uma “circunstância” da história, mas criação da história, como são todos os seres humanos que rompem com a indignidade de pensar só em si mesmos e avançar na luta coletiva para impulsionar e desenvolver a história no sentido do progresso do ser humano, da natureza e do cosmos.

Ver, entender, mas principalmente sentir essa relação científica do progresso natural e inconsciente da história fez de Homero Cristalli um fator objetivo, materialista dialético que deu vida a esta relação com estrutura social concreta respondendo à necessidade da humanidade de explicar a si mesma, responder “de onde viemos, o que somos e onde vamos”, como ele costumava explicar com capacidade dialética e simplicidade de pensamento, sem roupagem “acadêmica”, mas de uma forma objetiva superior de estudo e aplicação, ou seja, como disse Lênin, de “pensamento e ação”.

O duro cotidiano da luta de classes, ainda em sua infância, solidificou uma personalidade natural ao proletariado de sua época, porque não tinha espaço para o diletantismo pequeno burguês ou intelectualóide, que acaba naufragando na “utopia” como mal menor frente ao sentimento de impotência de reconstruir a história avançando na perspectiva solidamente estruturada no marxismo revolucionário, em sua aplicação como ferramenta insubstituível da filosofia e da ação materialista dialética da existência. E essa será sua própria estrutura, construída no chão de fábrica, a golpe de martelo no calor da fornalha e também no amor à existência consciente do ser humano, que já desenvolveu desde sua infância, ao perder sua mãe proletária, tendo que dividir com seu pai a responsabilidade de manter a família em tempos de II Guerra Mundial. Mas isso o galvanizou humanamente, e posteriormente se expressou em sua atividade sindical, em que se dedicou com seus princípios políticos, e também no que representou para ele, como parte de seu trabalho como operário metalúrgico, a perda de parte dos dedos de sua mão esquerda em um torno mecânico.

Assim, Homero (J. Posadas), ainda em sua juventude, vê e sente sua estrutura humana como parte do papel da revolução russa, soviética, comunista, bolchevique, proletária e camponesa, unidos aos soldados e marinheiros, e isso o leva a unir-se à luta de León Trótski e da Oposição de Esquerda na URSS, e o apoia a partir de sua atividade no Partido Socialista Operário na Argentina, onde nasceu e desde onde desenvolveu a concepção internacional do ser humano revolucionário em todos os âmbitos da existência, como “sujeito e objeto da história”. Então, Homero escrevia cartas a Trótski, o dirigente que, com Lênin e o partido bolchevique, tinham mudado o vértice da história para o progresso social como gênero humano. E León Trótski, já exilado sob a proteção da Revolução Mexicana e do governo de Lázaro Cárdenas, responde as cartas, apoiando sua luta, como anos depois a própria Natalia Sedova, companheira de Trótski, recordaria e lhe daria conhecimento diretamente: “Posadas sempre otimista impulsionando a história!” – claro, como também fazia Trótski.

Lênin e Trótski em comemoração por um ano da vitória da Revolução.

Hoje, neste 109° natalício de Posadas, a humanidade está vivendo uma realidade semelhante ao que, na Rússia czarista, significou a Revolução de Outubro de 1917, com os Sovietes de Operários, Soldados e Camponeses, encabeçados pelo partido bolchevique, com Lênin e Trótski à frente. Ainda que hoje a situação se apresente, na forma, mais silenciosa e se desenvolva sem a estridência midiática e o barulho dos canhões, como em 1917 na Rússia, ela não é menor em sua consequência e significado para o curso da história da humanidade. Pela primeira vez, o sistema capitalista não pode conter nem desviar o curso irreversível do progresso da história e seu “sinceramento”, e expressa em sua crise global, como se vê no próprio EUA, a perda de sua hegemonia imperialista. Isso contradiz toda sua capacidade prévia de se desenvolver como fator progressivo e revolucionário na produtividade quando enterrou o feudalismo como sociedade e sistema. Naquele então, ao superar o feudalismo, o capitalismo foi revolucionário, nasceu como extensão da propriedade privada e era superior, na organização da economia, a um feudalismo entravado em uma classe dominante ultrapassada e desarticulada internamente. Pois agora, quase 300 anos depois, as mesmas condições de desintegração de sistema de produção que se abateram sobre o feudalismo voltam a se apresentar, agora, sobre o capitalismo, principalmente a incapacidade de resolver os problemas distributivos, apesar dos enormes progressos na produção de bens e serviços, muito superiores aos da sociedade anterior.

A ciência desenvolveu a capacidade de produzir em milésimos de segundo o que antes levava horas, dias, semanas e até anos, como ocorreu com rápida produção das vacinas contra o Covid-19. A consciência humana organizada na ciência e no trabalho supera o sistema capitalista que, inclusive, pela destruição das relações entre a humanidade e a natureza, cria as condições de surgimento destas pragas e pandemias, que poderiam levar gradualmente à destruição de toda obra humana no planeta.

Posadas enxergou previamente este curso em desenvolvimento e, aplicando o marxismo-leninismo-trotskismo, analisou no tempo de sua vida (até 1981) que a URSS passaria por uma “regeneração parcial” e que este curso seria parte do processo mundial revolucionário, em que o nacionalismo avançaria a antimperialista revolucionário, em que o papel dos Estados não seria o de um estado opressor do ser humano, como é no capitalismo, mas sim uma ferramenta a partir da qual se poderia e deveria avançar na reconstrução da história da humanidade, em uma NOVA SOCIEDADE, com a qual o povo russo sonhou e construiu com os sovietes e o partido bolchevique. Como se aplicou nos 7 primeiros anos da Revolução Russa, com Lênin à frente: o estado como ferramenta de progresso na medida em que esteja sob o comando da classe trabalhadora e sua consciência revolucionária.

Mas era preciso “superar o charco atômico”, dizia Posadas na década de 1960 em diante, como um transcorrer inevitável da luta de classes entre o sistema capitalista e a sociedade socialista em construção na URSS, mesmo com uma direção burocrática, mas que já estava agindo pressionada pela relação histórica do Estado Operário Soviético com os povos do mundo, em apoio a sua independência econômica, política e social frente ao imperialismo. Então, o fator determinante já não seria a burocracia, mas um processo regenerativo do Estado Operário. Processo que não se diluiu e nem é negado pelo papel atual da Rússia de base social soviética, que em 1990, com o assim chamado “fim da URSS”, teve um “desvio transitório” de sua regeneração, como escrevemos em livros publicados à época (1).

A realidade do “bichinho que virou o capitalismo de pernas pro ar”, como disse o companheiro Axel Kicillof, atual governador da província de Buenos Aires, com 60% do PIB e 40% do eleitorado, é a que está se desenvolvendo no país, na região e no planeta todo. O que J. Posadas analisou e delineou como processo do curso da história da luta de classes, hoje está caminhando, possivelmente já correndo pelas veias e artérias nada abertas, e sim totalmente fechadas e vigentes em função da revolução socialista mundial. O “charco atômico” de que Posadas falava está se desenvolvendo de outra maneira, de forma desigual e combinada, em todo o planeta, da mesma maneira mas de outra forma, como Trótski, em 1938, de alguma forma previu a II Guerra Mundial, e por isso fundou a IV Internacional e produziu o magnífico PROGRAMA DE TRANSIÇÃO, em que podemos ver e aprender como resolver os problemas da humanidade, hoje, de forma SIMPLES, PRÁTICA E REVOLUCIONÁRIA, que é o curso de transição para superação da sociedade capitalista, e que J. Posadas qualificou como a etapa “do nacionalismo ao Estado Operário”(2).

Vivemos um duro processo imposto pelo Covid-19 de forma descarnada, assassinando milhões de seres humanos e condenando outros milhões a viver limitadamente em suas potencialidades humanas, algo que não afetará só aos idosos, mas principalmente a população mais jovem, que inclui as crianças, cujos resultados sentiremos nos anos seguintes.

Nesta etapa que vivemos, em plena pandemia e suas consequências, nós, posadistas, continuamos de forma viva e ativa a luta, partindo do que Lênin defendia para superar os desafios da época, ainda não resolvidos pela revolução soviética de 1917: “PENSAMENTO E AÇÃO”. Desta forma, nós qualificamos os tempos atuais, desde 1988, como a etapa do “SINCERAMENTO DO CURSO HISTÓRICO”.

Recordar, neste 20 de janeiro de 2021, os 109 anos de nascimento de J. Posadas significa dar um grande abraço fraterno e revolucionário em toda humanidade que, mesmo sem ter o partido, a Internacional Comunista de massas para enfrentar, resolver e derrotar as consequências da desagregação final do sistema capitalista, que perdeu sua hegemonia mundial, como previu Gramsci na década de 1930, essa humanidade não baixou a guarda e amadurece sempre na única experiência inevitável e imparável do curso materialista dialético da história: a luta de classes. Uma fase que consideramos vivamente que se desenvolve hoje em TEMPOS E ESPAÇOS atuais, de enorme avanço da REBELIÃO DAS FORÇAS PRODUTIVAS unidas com a LUTA DE CLASSES, que é uma forma ainda não organizada, mas objetiva, de funcionamento social da Internacional no caminho da construção do socialismo.

Aí é onde está vivo Homero Cristalli, J. Posadas, lutando até o último instante de sua vida por uma NOVA SOCIEDADE, pelo socialismo. E então, recorda-lo é vive-lo nas massas soviéticas, chinesas, cubanas, venezuelanas, argentinas, mexicanas, estadunidenses etc… que não se aterrorizam com o Covid-19, pelo contrário, lutam pelo progresso social utilizando a ferramenta que é a consciência social NA SOLIDARIEDADE QUE VAI TRIUNFAR SOBRE O INDIVIDUALISMO FEROZ DO CAPITALISMO, a SOLIDARIEDADE dos povos, como da Venezuela, enviando oxigênio ao Brasil, apesar de seu governo estúpido, reacionário e anti venezuelano. Por isso, e não por acaso, é na Rússia de base soviética que surge a primeira vacina contra o vírus, onde também surgiu o primeiro satélite espacial da humanidade, com mesmo nome, Sputnik. E esse futuro radiante é realidade na luta dos povos do mundo, inclusive dos EUA, que está longe de ter se acomodado.

Posadas dedicou sua vida à luta consciente pelo socialismo, não se paralisou por conta dos problemas da vida sob o capitalismo e sua “alienação individual e social”, como Engels analisou, pelo contrário, combateu-os com sua própria segurança proletária de origem. Um proletariado que pode não usar mais majoritariamente o macacão e o capacete, mas mantém sua função na produção e criação da mais-valia – hoje concentrada com o avanço da cibernética usada como tecnologia produtiva e a utilização concentrada do valor da força de trabalho, como temos dito desde 1988 – isso, como essência da força de trabalho apropriada pelo capitalismo, mas que não resolve o gargalo da distribuição do que é produzido com toda essa capacidade concentrada. Por aí se perdem os que acham que “a tecnologia derrotou a luta de classes”, porque, como diz o povo, “o hábito não faz o monge”, e hoje a luta de J. Posadas e de milhões de seres humanos por uma nova sociedade é tão vigente quanto a própria existência humana.

Assim te recordamos, Homero Cristalli, J. Posadas, como um revolucionário que viveu, lutou e morreu como parte de uma etapa da história da humanidade, que ainda está sendo escrita e principalmente construída. E mesmo em meio a tudo que a conjuntura nos apresenta, lembramos Fidel Castro, que em pleno processo revolucionário cubano, dizia: “Vamos bien, Camilo!”.

LC 20 de janeiro de 2021.

(1) Alguns títulos publicados pela Editora Ciência, Cultura e Política: “A Perestroika, uma deformação transitória no progresso ao socialismo”; “O fim do PCUS e a burocracia soviética na perspectiva socialista da humanidade”; “A queda da burocracia e o processo de reconstrução da direção soviética”, todos de León Cristalli.

(2) “Da Revolução Nacionalista ao Estado Operário”, de J. Posadas. Publicado na Revista Marxista Latinoamericana n° 11, 1967.