PERU: GARANTIR A VITÓRIA ELEITORAL COM ALIANÇA ENTRE POVO E FORÇAS ARMADAS

O comunicado do Ministério da Defesa do Peru, de horas atrás, deixa clara a vontade das Forças Armadas de respeitar a vontade popular. Diz, textualmente:
“A Constituição estabelece que a finalidade primordial das FFAA é garantir a independência, a soberania e a integridade territorial da República. Não é um órgão deliberativo e está subordinado ao poder constitucional. Portanto, qualquer conclamação a ultrapassar esta função é impróprio de uma democracia. O Ministério da Defesa e as instituições armadas reiteram seu compromisso com a Constituição, a democracia e o princípio da neutralidade assumido pelo Governo de Transição e Emergência. Mais, reafirmamos o compromisso de respeitar a decisão cidadã expressada nas urnas no dia 6 de junho”.

Em 5 de junho, um dia antes das eleições, analisamos que a candidatura de Pedro Castillo e sua frente eleitoral EL LAPIZ estava retomando em forma socialmente objetiva a ação do nacionalismo revolucionário antimperialista, de 53 anos atrás, quando o general Velazco Alvarado abriu caminho para uma política objetiva em que parte das FFAA se uniu ao povo, no calor do progresso de Cuba e dos Estados Operários e da URSS de então. Este processo se reanima hoje, por enquanto sem a aliança “Povo-Forças Armadas”, mas que precisará ser construída para se estabilizar, como ocorreu em 1968.

O comunicado do Ministério da Defesa do Peru expressa essa necessidade. É um incipiente começo de reestruturação desta aliança “Povo-FFAA”, necessária para garantir o triunfo eleitoral, dar forma ao programa do candidato do partido Peru Livre e fazer valer a vontade popular. E essa vontade popular não deve ser considerada apenas nos limites eleitorais, porque abrange o profundo significado sociocultural, político e revolucionário, que é elo e luta por uma nova sociedade, sem exploradores nem explorados.

 Comunicado do Ministério da Defesa do Peru.

Apesar de toda a campanha macabra e terrorista da Direita e de parte do Centro contra Pedro Castillo, a esta hora (9h do horário de Lima, quarta-feira, 9 de junho de 2021) tudo indica que o companheiro PEDRO CASTILHO já está A CAMINHO DE SER NOMEADO PRESIDENTE.

Nós reiteramos nossas análises políticas do processo histórico do Peru, divulgadas em nossas publicações, principalmente no jornal Frente Obrero, do Uruguai: está voltando a acontecer uma SIMBIOSE ENTRE OS INTERESSES DO POVO TRABALHADOR, camponeses, operários, mineiros, servidores públicos, classe média, pequenos e médios empresários, E AS FORÇAS ARMADAS PERUANAS, que estão indissociavelmente fundidas ao ESTADO NACIONAL, que é de onde vivem em todos os sentidos: orgânicos, econômicos e sociais. No desenvolvimento deste processo simbiótico se uniriam ambos setores na defesa mútua de interesses comuns, mesmo que as FFAA ainda pudessem ser usadas pelo sistema como ferramenta de repressão social e política.

Por isso sempre fizemos questão de diferenciar os papeis POLICIAL e MILITAR de forma muito clara na etapa em que o sistema se desintegra. E como J.Posadas analisou, o papel do militar nacionalista, das FFAA de cada país deixa de ser funcional ao sistema, porque o imperialismo tenta submete-las no que diz respeito à sua função. J.Posadas analisou que o sistema liquidaria os exércitos e construiria forças policiais militarizadas (milícias) à serviço do centro imperialista, e que esse seria a rota mesmo do sistema capitalista hegemônico no Ocidente do mundo, mas não na URSS, China e Estados Operários. Porém, o desenvolvimento deste processo hoje NÃO ACONTECE ASSIM, porque o sistema imperialista perdeu essa hegemonia inclusive entre as burguesias nacionais ou que tentam estabelecer alguma independência em relação ao poder imperialista central.

Então, há uma CONDIÇÃO NOVA NA HISTÓRIA, QUE DEVEMOS TER CLARO, como temos analisado para o Brasil, e bem antes para a Venezuela, com Hugo Chávez.

O desenvolvimento deste processo acontece em tempos e espaços atuais, mas as condições da luta de classes de 50 anos atrás não desapareceram, porque segue vigente a necessidade do progresso social da humanidade. Assim, ele vai buscando, construindo, NOVAS FORMAS DE DESENVOLVIMENTO DO CURSO DE CONSTRUÇÃO SOCIALISTA DA HUMANIDADE.

Nosso papel é entender esse processo para APLICAR UMA POLÍTICA ATUAL PARA ELE. Uma política que não é a mesma da época de Velazco Alvarado, ou Allende e general Pratt, no Chile, ou de J.J. Torres, na Bolívia, etc., mas que tem uma MESMA RAIZ.

Nós insistimos que no Peru se abriria um processo de progresso que o pinochetismo, no Chile, sabia que tinha anulado ou liquidado como perspectiva de governo. Um processo que, no Peru, volta a expressar em TEMPOS E ESPAÇOS ATUAIS A ESSÊNCIA DA REVOLUÇÃO MILITAR NACIONALISTA ANTIMPERIAILSTA E DE ESQUERDA, DE 3 DE OUTUBRO DE 1968, COM O GENERAL VELASCO ALVARADO E TODA UMA EQUIPE DE MILITARES.

General Velazco Alvarado com Fidel Castro, em visita oficial deste ao Peru.

A isso se deve o fato de as FFAA peruanas não terem se posicionado a favor da assassina Keiko Fujimori. Por trás da neutralidade se camufla o mais importante: uma FORMA CONCRETA DE SE POSICIONAR A FAVOR DO POVO.

Algo que analisamos com um manifesto do partido publicado no jornal Voz Obrera, do Peru, pouco mais de um mês antes deste levante e revolução militar de 3/10/68.

Assim como no Chile as massas não vão sair com a foto de Allende nas ruas, também no Peru não vão carregar estandartes de Velazco Alvarado (ainda que não descartemos essa hipótese), mas o fato é que estas experiências estão na raiz do desenvolvimento atual do processo, que eles forjaram previamente e dos quais foram um eixo do progresso da história.

09 de junho de 2021

Pelo Burô Latinoamericano da IV Internacional (leninista-trotskista-posadista), León Cristálli.

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